Com
lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam
de lado a lado a longa rua.
Cesário Verde, Cristalizações
O calcetamento
das ruas de Lisboa iniciou-se, timidamente, na passagem dos séculos XV para o
XVI, por ordens régias de D. Manuel I. Mais tarde, a
reconstituição da calçada não era certamente a prioridade na reconstrução de
Lisboa, após o Terramoto de 1755. Mas no século XIX o governador de armas da Cidade
determinou a pavimentação
das áreas mais centrais de Lisboa, a partir do Rossio. A mão-de-obra utilizada
foi de presidiários. É a esta calçada e a estes calceteiros que se refere o
poema de Cesário Verde.
Um
outro poeta, David Mourão-Ferreira, descreveu a geometria da calçada de Lisboa
como, “sobre a ardósia do empedrado, curvas e rectas feitas a giz”.
A mestria que só se encontra em Portugal nesta matéria levou os mestres calceteiros portugueses a serem solicitados constantemente para dirigir a pavimentação com calçada portuguesa de ruas e praças nas colónias e no Brasil, como para ensinar o ofício de calceteiro por uma parte do mundo. No Rio de Janeiro há obras de calçada portuguesa de particular imponência, sendo a mais conhecida o Calçadão de Copacabana.
Ao contrário
do que reza um dito popular, as pedrinhas da calçada não choram. Mas de algum
modo “falam” português.
Texto e fotos
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