quinta-feira, outubro 30, 2014

A luta voltou às paredes... e a Censura voltou a erguer o muro

A revista Análise Social foi suspensa pelo diretor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, por alegadamente conter um ensaio com «linguagem ofensiva». O ensaio intitulado "A luta voltou ao muro" é da autoria de Ricardo Campos, com quem evidentemente este blogue está solidário.
O diretor do Instituto de Ciências Sociais considera que o texto é de «mau gosto e uma ofensa a instituições e pessoas». Para o diretor da Análise Social, João de Pina Cabral, está em causa «um gesto de censura». 
No texto agora censurado – 40 anos após a abolição da censura – o autor inclui fotos de grafitos de rua da zona de Lisboa. E observa que «nos últimos anos parece ter despontado nas paredes uma nova vontade de comunicação política». 
O que é uma absoluta indesmentível e não censurável verdade.

Leia aqui o ensaio "A luta voltou ao muro"
Texto e foto Beco das Barrelas

quarta-feira, outubro 29, 2014

Arte Urbana: Novos murais na Galeria da rua

Hagaiel
A Galeria de Arte Urbana de Lisboa está a comemorar o sexto aniversário com exposição de sete novos painéis na Calçada da Glória e Largo da Oliveirinha.

A exposição, de tema livre, conta com pinturas de Tâmara Alves, Godmess, Klit, Hagaiel, da dupla Murta e Uivo e em estreia neste tipo de actividade de Isa Silva e Sofia Pidwell.

A actividade da GAU muito tem contribuído para a afirmação e promoção de praticantes da arte de rua e para o embelezamento da cidade, colocando Lisboa na rota internacional da arte urbana. 

Klit

sexta-feira, outubro 24, 2014

Lisboa encadernada

Mais dois livros sobre Lisboa vêm aumentar as ofertas de leituras sobre a história e a vida da capital. Acabam de sair “LX 70 – Lisboa, do sonho à realidade”, de Joana Stichini Vilela, e “Belle Époque – A Lisboa de finais do século XIX e início do século XX”, de Paula Gomes Magalhães. O primeiro reconstitui a superfície dos anos 70 do século passado em Lisboa; o segundo recua mais, até à passagem do século XIX para o século XX.
O LX 70 dá sequência à ideia do LX 60: histórias de Lisboa, respigadas de jornais e revistas e reconstituídas pelo testemunho de quem as viveu. Boa ideia e não foi certamente por acaso que o projeto assentou nas décadas de 60 e 70: há muitos testemunhos vivos e com memória fresca para recontar histórias. 
Uma dessas histórias passou-se nos estúdios da Rádio Renascença, em 24 de Maio de 1970: o programa Tempo Zip, com papel principal para o divulgador de jazz José Duarte, conseguiu juntar nos estúdios da Rua Capelo o Modern Jazz Quartet e Gilberto Gil. 
O cenário estava preparado para desencadear o que se seguiu, quando os músicos, respondendo ao apelo dos instrumentos postos à sua espera – até lá estava o vibrafone do Mário Andrea à espera de Milt Jackson -, tocaram em direto e ao vivo numa estação de rádio portuguesa. 
A cena estava montada apenas para o MJQ, com cujos músicos José Duarte esteve a jantar no Parque Mayer, mas Gilberto Gil estava em Lisboa, apanhou um táxi que sintonizava o Tempo Zip, pediu para seguir para o estúdio daquela rádio e entrou na jam session em direto. 

O segundo livro reconstitui a passagem da Lisboa romântica para a Lisboa Moderna, quando Paris - onde o século XX começara ao mesmo tempo que a feérica iluminação elétrica – era a principal influência de Lisboa e dos lisboetas. 
Uns anos mais tarde, ainda Amália cantava: “Lisboa não sejas francesa”. 

quarta-feira, outubro 22, 2014

E no entanto, a movida move-se


A movida de Lisboa, como o próprio nome indica, move-se. Houve uma época em que se centrou no Bairro Alto, ao mesmo tempo que disparava ao longo da 24 de Julho desde a Ribeira até Alcântara. Depois, começou a descer pela Bica, acabando por ligar Bairro Alto e Cais do Sodré. 

Ao mesmo tempo expandiu-se para Santos.
E hoje a movida noturna de Lisboa ocupa o Bairro Alto, de onde irradia para o Príncipe Real e para o Rato, instalou-se na Bica e retomou a tradição boémia do Cais do Sodré, alastrou até Santos, onde estabelece ramais para o Rato pela Avenida D. Carlos e por São Bento, ocupando o interior em direção ao Bairro Alto. Já chegou a Alcântara. E para Oriente instalou-se no Parque das Nações.
No miolo da cidade, a movida já tem marcação no Arco do Cego.
Ao mesmo tempo vai tomando lugar de forma crescente e tentacular em Alfama, ao longo da Rua dos Remédios. E a Mouraria começa a baixar a resistência.
É uma cidade dentro da cidade ou, mais propriamente, uma mancha que alastra no mapa da cidade como uma maré de óleo, e nem se sabe de onde vem tanta e tão disponível gente – em tempo e dinheiro - para fazer mover a movida.
O problema é que a expansão imperial da movida há muito que ultrapassou qualquer região demarcada e já bate à porta de casa dos residentes.


terça-feira, outubro 21, 2014

Bairro dos jornais


Hoje, o jornal A Bola – na Travessa da Queimada - é o derradeiro jornal em papel residente no Bairro Alto. Mas já houve tempo em que redação que se prezasse era no Bairro Alto que se instalava ou hospedava. O matutino O Século, com marcação à zona de delegações de jornais do Porto e de matutinos malditos que saiam sucessivamente em Lisboa – o Diário da Manha de outras Épocas – e depois todos os vespertinos – Lisboa, Capital, República, Popular – tudo era redigido e produzido no Bairro e suas imediações. Só na Rua Luz Soriano moravam o Diário de Lisboa e o Diário Popular. O próprio Diário de Notícias nasceu no Bairro Alto.

Por tabela, no Bairro Alto localizava-se o grosso dos restaurantes, bares e tascas para o pessoal das redações. E como os jornais fechavam tarde, as tascas e restaurantes acompanhavam as horas de fecho.











A hora mágica era a hora do jantar. O restaurante Rina reunia muitos jornalistas locais e outros, vindos de redações fora do Bairro para um convívio certo e seguro. E parava por lá gente da rádio, das revistas, do teatro, do fado, numa cavaqueira que só tinha por limite temporal algum trabalho de fecho no jornal ou o pedido da dona da casa, pois que na manhã seguinte teria que estar cedo às compras na Ribeira. Outro era, quase em frente, o restaurante Primavera, com cartão de apresentação emoldurado com a fotografia de Josephine Baker durante um almoço em Lisboa no Primavera no final dos anos 30. Mais acima ficava e fica o Farta Brutos onde ainda hoje se serve a costeleta de sardinha em memória de José Cardoso Pires, que dirigiu o DL e A Mosca do DL. 

Mesmo à mão ficava a Censura, no 125 da Rua da Misericórdia – antiga Rua do Mundo, nome de jornal -, com serventia para entrega e recolha de provas pela porta da Rua das Gáveas.
Até que um dia fechou o Século, depois a República. Mais tarde fechou o Popular e em seguida o Diário de Lisboa, na mesma rua. A delegação do JN saiu então da Rua da Misericórdia para o edifício do Diário de Notícias, na Rotunda do Marquês de Pombal. A Capital que já se tinha mudado, ainda voltou ao Bairro e depois fechou de vez. Ficaram alguns nomes na toponímia do Bairro. 
Jornais fecharam, jornais deslocalizaram-se para os arredores, onde as rendas são mais baixas. Mas agora, poucos distinguem uma notícia escrita ao telefone e o trabalho de um repórter:
«Repórter é o que vai ali, vem já, olhar rápido, palavra célere», na definição de Armando Baptista-Bastos, grande jornalista recentemente posto fora da lista de colaboradores no DN.

Agora só se fala do tempo dos jornais no Bairro Alto na sala de espera do posto de saúde da Casa da Imprensa, ali ao pé, na Rua da Horta Seca.
Não é saudosismo. Mas alguma coisa se perdeu no tempo.
Texto e fotos Beco das Barrelas/D.R. 

quinta-feira, outubro 16, 2014

Castanha não foi indexada à austeridade

E é assim: as folhas do calendário vão dando a volta e já estamos de novo na época das castanhas, a assar no fogareiro aceso. Entrámos no Outono.

A sustentabilidade da castanha não exigiu aumento de custo para o consumidor: a dois euros a dúzia, a castanha já estava cara no ano passado e o preço manteve-se não sendo indexado à austeridade. 
Texto e fotos Beco das Barrelas /D.R. 

terça-feira, outubro 14, 2014

Carteiros atacam carteiras

A PSP terá referenciados em Lisboa um milhar de carteiristas, anunciou o DN em reportagem sobre a atuação dos “artistas de mão leve”. Esse era o termo usado pela reportagem. A PSP designa-os por “carteiros”. 

Os pontos onde atuam com mais frequência são as carreiras de elétricos número 28 – Campo de Ourique / Martim Moniz – e 15 – Praça da Figueira / Algés. Carreiras de autocarros, comboios do Metropolitano, ascensores – nomeadamente o de Santa Justa - e elevadores – em particular o elevador da Glória – Restauradores a São Pedro de Alcântara - são outros dos meios de transportes mais frequentadores por carteiristas. Mas qualquer ajuntamento é propício à entrada ai serviço de carteiristas. 


Os “carteiros” atuam isolados ou em equipas. Um casaco no braço – a “muleta” – serve-lhes para encobrir o movimento das mãos e fixar a atenção das vítimas.

Os objetos mais frequentemente furtados pelos carteiristas são carteiras, telemóveis, MP3 e MP4 e máquinas fotográficas.
  
 Texto e Fotos Beco das Barrelas / D.R. 

segunda-feira, outubro 13, 2014

Chiado à cunha

Não tem estação do ano nem quadra festiva, o Chiado é simplesmente o Chiado. 
E o poeta lá está no seu pedestal a ver passar os turistas. António Ribeiro, conhecido por Chiado, nascido em Évora, falecido em Lisboa, foi um poeta seiscentista autor de poemas jocosos e de sátiras.
Vive no Largo ao qual deu o nome desde 1925. E se ali bem perto é o Largo das Duas Igrejas – Encarnação e Nossa Senhora do Loreto – o conjunto toponímico e escultórico bem se poderia chamar Largos dos Três Poetas: Camões, Pessoa e Chiado.
Ali é o coração de Lisboa e como sabemos o coração renasceu das cinzas.

O Chiado atrai todos os dias centenas ou serão milhares de turistas, nacionais e estrangeiros, porque o coração da cidade fala ao coração das pessoas.

Bom dia, Chiado. Um dia o poeta perde a paciência de bronze e lá sai uma edição revista e actualizada do Auto das Regateiras de Lisboa.
Um pouco mais abaixo, na montra da Bertrand: Pim! 
Morra o Dantas, morra. Pim! 
Texto e fotos Beco das Barrelas /D.R. 

sexta-feira, outubro 10, 2014

Nossas amigas árvores

Árvore da Borracha "parqueada" no Largo Hintze Ribeiro
Serão cerca de 50 mil as árvores plantadas em – mais o arvoredo de um Parque Florestal, duas matas, duas quintas, dois jardins botânicos e dezenas de outros jardins. A estimativa é flutuante: a população de árvores, cresce, vive e morre. De pé mas morre e nem sempre de morte natural. No Inverno de 2013, o Parque Florestal de Monsanto perdeu cerca de 1.500 árvores devido ao temporal. Além disso, as árvores também se abatem por doença ou se constituírem perigo para.

Príncipe Real
Existem na cidade de Lisboa 190 espécies de árvores. E existem 66 árvores classificadas de interesse público, do cipreste do Príncipe Real à Árvore da Borracha, do Largo Hintze Ribeiro ou à Bela-Sombra, do Largo do Limoeiro. Têm nomes em arrevesado latinório ou em singelo português: casuarina, cedro-dos-himalaias, figueira-benjamim, erythrina, cedro-do-buçaco, sumaúma, metrosidero , corinocarpo, pinheiro-de-norfolk, tamareira-das-canárias, cipreste-de-montezuma, pinus pinea, cupressus sempervirens, pinheiro-manso, cipreste, sobreiro, etc.

Também têm donos: das 66 árvores classificadas, 58 são propriedade da Câmara de Lisboa e oito pertencem a privados. Mas principalmente têm folhas que produzem oxigênio e ramos que nos dão sombra.
Texto e fotos Beco das Barrelas /D.R. 

quinta-feira, outubro 09, 2014

Café Solidário na Mouraria

“Dois cafés: um é para mim, para beber já, o outro fica pago, é para quem vier e precisar.”
 A iniciativa “Café Suspenso” vai entrar em vigor na cafetaria da Associação Renovar a Mouraria, Beco do Rosendo, 8, em Lisboa. A ideia é a seguinte: quem quiser pode deixar pago um café, um galão, uma sopa ou uma sandes destinada a pessoas carenciadas. A Associação prevê, de futuro, que a iniciativa "seja expandido à Rota das Tasquinhas e Restaurantes da Mouraria".
A Associação, com outros parceiros, está a elaborar um elenco de pessoas em situação de vulnerabilidade social, pobreza ou solidão, às quais a iniciativa se poderá aplicar.

O Bairro da Mouraria tem cerca de seis mil moradores, mil dos quais são considerados população com necessidades. 


A iniciativa “Café Suspenso” teve origem na cidade de Nápoles, em Itália, chegando agora a Portugal.  

Passe pela Mouraria – Beco do Rosendo, 8 – tome um café, um galão, uma sandes, uma sopa e deixe outro pago. Quem vier e precisar agradece. 

quarta-feira, outubro 08, 2014

Chineses lideram compras nas lojas de Lisboa

Grande comércio vende
Os chineses são os estrangeiros extracomunitários que mais compram nas lojas de Lisboa, segundo estudo de uma consultora publicados nos jornais. Os chineses ultrapassaram os angolanos, que lideraram as compras em Lisboa durante muitos anos.
Considerando o total das vendas tax free, os chineses foram responsáveis por 28,6% do valor total gasto em compras, os brasileiros por 26,7% e os angolanos por 24,5%.
Pequeno comércio à venda




As zonas do estudo abrangem a Avenida da Liberdade, Rua Castilho, Baixa, Chiado e Príncipe Real. A Avenida da Liberdade, com as suas lojas de luxo e de grandes marcas estrangeiras, é a zona de Lisboa onde os estrangeiros mais gastam em compras, seguindo-se-lhe a Rua Castilho e o Príncipe Real.
O comércio de rua, ou seja, o que se situa em lojas fora de centros comerciais, registou um aumento de 66 novas lojas nas principais zonas de retalho de Lisboa, em 2013 e 2014.



domingo, outubro 05, 2014

Viva a República

A República foi proclamada da varanda da Câmara de Lisboa em 5 de Outubro de 1910;

Em 2010 celebrou-se o centenário da República;

No ano seguinte, a República foi celebrada com a Bandeira Nacional hasteada de pernas para o ar;

Mais um ano e o feriado de 5 de Outubro, data da implantação da República, foi banido do calendário.