terça-feira, novembro 29, 2016

Caracol da Penha ganha pés para andar

A criação de um jardim no Caracol da Penha e de um pavilhão desportivo na freguesia de Carnide são dois dos projectos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa, que mobilizou mais de 51 mil votos. O jardim do Caracol da Penha foi o projecto mais votado de sempre no Orçamento Participativo de Lisboa.
A cada um destes projectos caberão 500 mil euros, uma vez que se integram na categoria de projectos estruturantes.
O Jardim do Caracol da Penha, freguesias de Penha de França e Arroios, contabilizou 9.477 votos, enquanto a missão pavilhão Carnide teve um total de 8.666 votações.

A Penha de França ganha jardim que lhe falta
no mapa dos espaços verdes de Lisboa
Para o espaço do Caracol da Penha, está prevista a construção de um parque de estacionamento com 86 lugares (em duas plataformas), a cargo da EMEL, mas os moradores da zona entregaram na Assembleia Municipal uma petição com vista a que o espaço seja de fruição. A criação de um jardim no Caracol da Penha foi objecto de uma petição promovida pelo Movimento Pelo Jardim do Caracol da Penha que reuniu mais de 2.600 assinaturas.

... e os navios que levam as mercadorias pelo mar eterno...

O dia é perfeitamente já de horas de trabalho. Começa tudo a movimentar-se, a regularizar-se. Com um grande prazer natural e directo percorro com a alma todas as operações comerciais necessárias a um embarque de mercadorias. A minha época é o carimbo que levam todas as facturas. Porque as facturas e as cartas comerciais são o princípio da história e os navios que levam as mercadorias pelo mar eterno são o fim. 
Álvaro de Campos, Ode Marítima

quarta-feira, novembro 23, 2016

Diário de Notícias despediu-se da Avenida da Liberdade

Com 152 anos de idade, o Diário de Notícias muda-se pela segunda vez: nasceu no Bairro Alto, na rua que ficou com o nome do jornal, mudou-se para a Avenida da Liberdade, paredes meias com o Marquês de Pombal, em 1940, para um prédio construído de raiz que ganhou nesse ano o Prémio Valmor e que ostenta no interior painéis de Almada Negreiros; agora vai para a Torres de Lisboa, juntamente com os outros títulos do grupo Controlinveste. 

1864 – O jornalista e escritor Eduardo Coelho e o industrial tipográfico Tomás Quintino Antunes fundam o Diário de Notícias. 

1919 – O Diário de Notícias é vendido à empresa de moagens Companhia Industrial de Portugal e Colónias. Assume a direcção do jornal Augusto de Castro, jornalista e ex-político monárquico; dirige o DN até 1971.
1940 – O DN muda-se do Bairro Alto para edifício próprio, junto ao Marquês de Pombal; o edifício, que ganha neste mesmo ano o Prémio Valmor, está decorado no interior com painéis de Almada Negreiros.
1971 – Fernando Fragoso substitui Augusto de Castro na direcção do DN.
1974, Junho – O I Governo Provisório nomeia António Ribeiro dos Santos director do DN.
1975 – Assume a direcção do DN o jornalista Luís de Barros, até então redactor do Expresso, tendo como director-adjunto José Saramago.
1975, Novembro – Assumem a direcção do DN Vítor Cunha Rego, director, e Mário Mesquita, adjunto.
1976 – O DN associa-se ao jornal A Capital na Empresa Pública Notícias Capital (EPNC).
1991 – O governo de Cavaco Silva privatiza a EPNC. Os títulos do grupo (DN e JN) são comprados pela Lusomundo pelo equivalente a 42 milhões de euros.
2005 - O Grupo Controlinveste adquire a Lusomundo Serviços, que entretanto havia sido comprada pela PT Multimédia do grupo Portugal Telecom em 2000.
2014 – O empresário angolano António Mosquito Mbakassi compra 27,5 por cento do capital da Controlinveste e associa-se a Joaquim Oliveira, Luis Montez, BES e BCP no grupo que detém, entre outros, os títulos Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSFO Jogo
2016 – O DN muda-se para as Torres de Lisboa, com os restantes títulos da Controlinveste.  

terça-feira, novembro 22, 2016

Vão rareando os navios de vela nos mares!

 Vão rareando os navios de vela nos mares! E eu, que amo a civilização moderna, gostaria de ter outra vez ao pé da minha vista só veleiros e barcos de madeira, de não saber doutra vida marítima que a antiga vida dos mares. Porque os mares antigos são a Distância Absoluta.
Álvaro de Campos / Ode Marítima 
Foto Beco das Barrelas

segunda-feira, novembro 14, 2016

MÁRIO ALBERTO: Artista Único, Cidadão Particular, Imenso Amigo, Saudade Eterna

Por João Paulo Guerra
Lisboa, 2008

A mim, o Mário Alberto contou-me que foi operário cerâmico, empregado de escritório, recauchutador, figurante, bailarino excêntrico, músico gestual. Mas na sua profissão, cenógrafo, e na paixão da sua vida, o teatro, este homem é mesmo um grande senhor.
Há prémios de cenografia a atestá-lo. Mas os prémios dizem menos que a obra que ergueu em mais de cinquenta anos de trabalho para dezenas de grandes e pequenas companhias de teatro, em todo o país. Dos grupos universitários ao teatro de revista, passando por grupos independentes, pelo teatro comercial e até pelo Teatro Nacional.
Para além do teatro fez cenografia para ópera, décors, figurinos e direcção artística para televisão e cinema. Mas é do teatro que mais gosta. Diz que «o teatro até tem cheiro». Trabalhou com todos os grandes nomes do teatro português, sobre textos de todos os grandes dramaturgos. Regularmente expõe a sua pintura.
Pintor, cenógrafo, figurinista, figurante, figura, protagonista, maquinista, artista, talentoso, brilhante, portentoso, competente, singular, original. 
O Mário Alberto travou conhecimento com o teatro na juventude, em Coimbra. E a paixão consumou-se na primeira oportunidade. Quando, ainda jovem, veio para Lisboa, trazia já experiência das peças de teatro de cordel exibidas pela trupe em Coimbra e arredores.
Em Lisboa, empregou-se a recauchutar pneus no Largo do Andaluz e à noite fazia figuração no Teatro Avenida. Depois passou para empregado de escritório numa companhia de navegação na Rua do Alecrim. Até ao dia em que o director da companhia, por mero acaso, assistiu a um espectáculo de teatro e deparou com o seu dactilógrafo em cima das tábuas do palco. No dia seguinte chamou-o e disse-lhe: Tem que escolher: ou esta companhia, que é uma casa séria, ou os fantoches.
Atelier na casa (demolida) do Parque Mayer
Mário Alberto não hesitou. Escolheu os fantoches.
O Mário é assim. Inquieto, alvoroçado, travesso, exigente, insatisfeito, satisfeito, tolerante, franco, entusiasta, fervente, convicto, arrebatado, impulsivo, romântico, feliz, fascinante. Malandro.


domingo, novembro 13, 2016

De volta a Lisboa e ao Tejo e tudo


Eh marinheiros, gageiros! Eh tripulantes, pilotos, navegadores, mareantes, marujos, aventureiros! Eh capitães de navios, homens ao leme e em mastros, homens que dormem em beliches rudes, homens que dormem com o perigo a espreitar pelas vigias, com a morte por travesseiro. Homens que têm tombadilhos, que têm pontes donde olhar a imensidade imensa do mar imenso! Eh manipuladores dos guindastes de carga! Eh amainadores de velas, fogueiros, criados de bordo, homens que metem a carga nos porões, homens que enrolam cabos no convés. Homens do mar actual, homens do mar passado. Fenícios, cartagineses, portugueses atirados de Sagres para a Aventura Indefinida, para o Mar Absoluto, para realizar o Impossível!
Álvaro de Campos, in Ode Marítima
Foto Beco das Barrelas

terça-feira, novembro 08, 2016

Temos ainda uma arma de luz

Temos ainda uma arma de luz

para lutar:
SONHAMOS
(…)
Sim, sonhamos.
E o sonho quem o derrota?
mesmo quando vamos
perdidos na rota
de um barco sem remos
na tempestade de um vulcão…


José Gomes Ferreira 
(1900 - 1985 )