O setor da restauração
é dos mais afetados pela crise: os custos das matérias-primas, os encargos gerais
- eletricidade, gás, água, rendas, pessoal - e os impostos, em particular o IVA
a 23 por cento, têm levado à insolvência milhares de estabelecimentos, como
também milhares de trabalhadores ao desemprego.
Agora é que se
vê quem tem unhas para tocar a guitarra da imaginação e atrair uma clientela cada vez mais
reduzida, pois a crise também está a alterar grandemente os hábitos de consumo
da população. Já aqui falámos dos minipratos do Martinho da Arcada, agora
trazemos o exemplo do Café Nicola.
Fundado no final do século XVIII, era então
conhecido por Academia, dada a frequência intelectual das suas mesas. Café
literário, café com história, o Nicola - hoje Café Restaurante Nicola - chegou
a ser famoso pelo seu bife, o Bife à Nicola.
Mas a crise
não se compadece com a história e hoje o Nicola, para atrair clientela, sobretudo
a clientela estrangeira que sempre visita Lisboa e frequenta o Rossio, passou a
ter fados e guitarradas, de quinta a domingo.
É a crise, é o
fado. De tal maneira que já há quem cite uma quadra atribuível a Manuel
Maria Barbosa du Bocage,
Elmano Sadino, poeta e assíduo
Elmano Sadino, poeta e assíduo
frequentador
do Nicola:
Sou o Bocage do Sado
E vou ao Café Nicola
Para ouvir cantar o fado
À guitarra e à viola.
Ver também:Da Mensagem ao miniprato
Texto e Fotos do Blogue das Barrelas / Direitos reservados.
Ainda é bom,o bife,no Nicola?
ResponderEliminarAhn!
ResponderEliminarNoutra versão, Manuel Maria abandonava, já tarde, o Nicola, quando foi interpelado por um facínora armado se pistola.
ResponderEliminar"Quem és, donde vens, p'ra onde vais?"
Respondeu o vate:
"Sou o poeta Bocage,
Venho do café Nicola.
Vou para o outro mundo
se disparas a pistola."