sexta-feira, abril 19, 2013

Com que voz


“Com que voz chorarei meu triste fado…”
Luís de Camões

Quando o poeta escreveu o poema estaria longe de imaginar que um dia haveriam de surgir a música e a voz para as palavras do seu “triste fado”.
Quatro séculos após a morte do poeta, a música de Alain Oulman e a voz de Amália Rodrigues responderiam à inquietação de Luís Vaz de Camões: “Com que voz”.
 
Luís de Camões e Amália Rodrigues são vizinhos nas ruas da Freguesia da Pena, no coração de Lisboa. Quem se dirija do Campo dos Mártires da Pátria para a Calçada de Santana vai passar, no troço da Rua do Instituto Bacteriológico, por uma lápide que assinala que ali “estiveram enterrados os ossos de Luís de Camões durante os anos de 1595 a 1737 depois transladados sem segura identificação para a Igreja de Sta. Maria de Belém a 8 de Junho de 1880”.
E não terá muito que andar até passar pelo número 139 da Calçada de Santana. Ali, um andar acima do rés-do-chão da Tasca do Beco, uma placa reza assim:
Nesta casa, segundo a tradição documental, faleceu em 10 de Junho de 1580 Luiz de Camões. O actual proprietário Manuel José Correia mandou pôr esta lápide em 1867".
 


A dois passos, na segunda transversal para o lado esquerdo da Calçada, fica a Rua Martim Vaz, letrado do século XVI. Talvez tenha privado com Camões, ou sejam parentes, por parte dos Vaz. Entre os números 84 e 86, uma primeira placa, atribuída ao escultor Lagoa Henriques, assinala que “No pátio desta casa nasceu Amália Rodrigues”.




 
Entrando pelo número 86 no acanhado e mal iluminado Pátio Santos, numa inscrição com responsabilidade da Câmara de Lisboa, sobre uma pedra rosada colocada num desvão pode
ler-se:
A 23 de Julho de 1920 aqui nasceu AMÁLIA RODRIGUES. Homenagem da Câmara Municipal de Lisboa.
23 de Julho de 1997”.
Camões e Amália.
Com que voz haveria de ser?

Texto e fotos Beco das Barrelas. D.R.

Sem comentários:

Enviar um comentário