Nas
vésperas do Dia Mundial do Livro soube-se que os proprietários das livrarias Artes e Letras e Olisipo, no Largo Trindade Coelho,
em Lisboa, receberam ordem de despejo. Os dois livreiros não têm dúvidas
sobre o que os espera: a nova lei das rendas facilita que o proprietário do
prédio apresente a realização de obras de restauro como argumento para lhes dar
ordem de despejo. Perante tal argumento, o senhorio só terá de pagar
aos inquilinos 12 meses de renda, contra os 24 meses estabelecidos na lei
anterior. As instalações das duas livrarias terão de ser abandonadas até 15 de Agosto.
Na opinião de Luís Almeida Gomes, da Livraria Artes e Letras, a nova lei das
rendas constitui "uma leviandade de várias instituições". E
acrescenta que "hoje em dia, os únicos livros que interessam aos políticos
são os livros de cheques".
"Faz parte do meu escape psicológico começar a
preparar-me para esta mudança com tempo, ir fazendo um luto faseado e começar
já a pensar na próxima livraria", admitiu Luís Almeida Gomes, revelando
que, em princípio, irá instalar-se junto da Assembleia da República.
Ao contrário do proprietário da Artes e Letras, o da Olisipo, José Vicente, não anda à
procura de um novo espaço para instalar a livraria, pois acha que não faz
sentido. Está no Largo Trindade Coelho há 32 anos, tem 65 e não quer começar
outra vez do princípio.
Em cima
do acontecimento:
A
nova lei do arrendamento está a descaraterizar a cidade de Lisboa, escreve o Diário
de Notícias desta manhã de 23 de Abril. Despejos unilaterais e denúncias de
contratos são cada vez mais uma realidade. O Jornal de Negócios diz que o
presidente da Câmara de Lisboa se junta aos comerciantes e pede a suspensão da
nova lei das rendas.
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