quarta-feira, março 13, 2013

Quer comprar um cinema? E quatro?


O Quarteto na atualidade
O espaço das quatro salas do antigo cinema Quarteto, na Rua Flores de Lima, em Alvalade, continua à venda. Quando a Inspeção-Geral das Atividades Culturais fechou o Quarteto, em Março de 2008, disse-se que o cinema reabriria assim que voltasse a ter condições.
Mais tarde também se disse que o que faltava era um investidor. E por fim, quando já ninguém acreditava que o Quarteto reabrisse, ainda se disse que a Câmara Municipal admitia classificar as salas do cinema Quarteto como espaço de interesse cultural.
 
Entretanto, pouco depois de ter entregado as chaves aos senhorios do imóvel, o fundador do Quarteto morreu, sabe-se lá se de tristeza a agravar a falta de saúde. E foi aí que todos os cinéfilos de Lisboa tiveram a certeza que o Quarteto não voltaria jamais a abrir as portas.

É só telefonar
O cinema Quarteto foi fundado em Novembro de 1975, por Pedro Bandeira Freire, e foi o primeiro espaço multissalas de Lisboa. Quatro salas, quatro filmes foi uma receita de sucesso ao longo de duas décadas. O Quarteto celebrou os 25 anos exibindo 25 filmes, a preços de 1975. E comemorou os 28 anos com uma "nova política", que passava por uma maior exibição de exclusivos nas suas salas. Terá sido aí que o Quarteto deu um fatal passo em frente. A viragem da distribuição/exibição encaminhava-se para uma massificação em torno de um número reduzido de títulos.

E quem comprar o cinema ainda leva
uma coleção de postais disponível
na bilheteira
Foi a este guião que o Quarteto não resistiu. Se ao menos se tivesse consumado a classificação das salas como espaço cultural o Quarteto ainda ficaria livre de acabar convertido numa drogaria, na sede de uma seita religiosa ou numa clínica. Esta última hipótese esteve em cima da mesa por um dos interessados na compra do espaço do antigo Quarteto, à venda por qualquer coisa como dois milhões de euros.
Ao menos não nos podemos queixar de não termos os nossos Cinemas Paraíso.
 

Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.

4 comentários:

  1. Foi no quarteto que vi o Rust Never Sleeps do Neil Young. Eu devia ter cerca de 14 ou 15 anos e o quarteto nem 10 tinha. Um filme que dificilmente seria exibido noutra sala qualquer. O desaparecimento do quarteto é uma grande perda. É um sinal da massificação da cultura em que é mais fácil perguntar à Zon Lusomundo quais são os filmes que podemos ir ver!

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  2. Vítor Ribeiro13/03/13, 11:37

    Mais cinco para a "coleccção": nas Twin Towers, ao fundo da Av. José Malhoa, estão encerradas 5 salas de cinema (devidamente equipadas) há mais de quatro anos. Coisas da "lei do mercado"...

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  3. O Quarteto era um quinteto...de cordas,pata mim.Lá vi os melhores filmes da minha vida.No que isto deu!A cultura,claro!

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  4. Quatro pequenas salas, dois aurículos e dois ventrículos, ficaram no coração da gente. Muito se namorava também no Quarteto!
    assinado: Mario Jiménez, o carteiro de Pablo Neruda

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