Roupa à janela, bandeiras de um bairro |
Ninguém com
absoluta certeza consegue dizer a identidade e a data do nascimento do bairro
da Madragoa. Nem tão pouco estão definidos com inegável rigor os limites
geográficos do bairro.
O nome pode
vir de Mandrágora - como especulam
uns - mas é bem provável que tenha origem nas Madres de Goa - cujo convento
existiu no bairro onde ainda hoje existem os conventos das Bernardas, do
Quelhas, das Trinas do Mocambo, das Inglesinhas. Pelo menos, a Rua das Madres
ainda lá está e é como que uma linha de terra do bairro da Madragoa.
Pintura mural: o elogio da limpeza urbana dá as boas-vindas na Madragoa |
Bairro pré e
pós Pombalino, o espaço que a Madragoa ocupa foi por anos e séculos designado
por Bairro do Mocambo. Era assim no
século XV e XVI, um bairro ocupado essencialmente por negros. A arquitetura pombalina
deixou a sua marca profunda no bairro, onde ainda hoje o visitante se cruza tanto
com modestos pátios e habitações populares como com belíssimos palácios e
palacetes.
Mas já no
século XX, numa publicação respeitável como é o Guia de Portugal (primeira edição da Biblioteca Nacional de Lisboa,
1924, mais recente a da Fundação Calouste Gulbenkian, 1991), a designação de Bairro do Mocambo era ainda usada,
embora remendada com a referência “também conhecido por Bairro da Madragoa”.
E o Guia - no
seu I Volume, Generalidades, Lisboa e
Arredores - assinalava que por alturas da publicação original (1924) “o bairro era habitado, principalmente, por
varinas, gentes dos cais, descarregadores e vendedores de pescado”, que
davam ao bairro “uma pitoresca cor local”.
Diz-se mesmo que a origem dos emigrantes, de Aveiro e particularmente de Ovar,
deram nomes às varinas da Madragoa, por
linha direta das ovarinas de Ovar.
Varina da Madragoa |
Bairro popular, ligado ao mar, ao Tejo e ao fado, a Madragoa é um bairro carregado de história e de património que vale a pena conhecer.
E dizem os versos de Jorge Rosa, para a música de José Fontes Rocha e a voz de Maria da Fé:
O Tejo como horizonte |
E dizem os versos de Jorge Rosa, para a música de José Fontes Rocha e a voz de Maria da Fé:
A Madragoa que canta desde menina
Cantigas que o mar ensina
Com o mar dança também.
Doa a quem doa, é dos bairros a rainha
E a coisa mais alfacinha
De quantas Lisboa tem.
Texto e Fotos Beco das Barrelas. D.R.
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