sexta-feira, março 22, 2013

A Lisboa do comboio noturno

Santa Apolónia
O comboio noturno para Lisboa entra na estação de Santa Apolónia na página 61 do romance de Pascal Mercier. Estamos na I Parte, A Partida, e Raimund Gregorius, professor de latim, grego e hebreu, vem a Lisboa à aventura - a primeira e única da sua vida - na pista de um livro de Amadeu do Prado, médico, poeta e resistente antifascista.
 
Alfama
Encontrara o livro no bolso do casaco de uma mulher que o professor conseguira demover de uma tentativa de suicídio, em Berna, na Suíça. E não digo mais. Não estou aqui para contar o livro, que li há um par de anos, nem o filme, que não vi.
Em Lisboa, Gregorius instala-se num hotel numa transversal da Avenida da Liberdade. E na pista daquele autor, do seu livro, do mundo de ambos - que o suíço desconhecia por completo -, deambula pela Baixa, por Alfama, pelo Bairro Alto, pelos Prazeres - viaja de elétrico, no 28 claro -, sobe e desce a Rua Augusta - que não hesita em classificar como “a mais bela rua do mundo”. 
O 28
Aproveita para conhecer Camões, Sá de Miranda, Camilo, Eça, Pessoa. Sai de Lisboa para Sintra, Coimbra, o Minho e volta. E vai encontrando, nos seus contactos e leituras, algumas respostas: a ditadura, a resistência, a revolução dos cravos.

A III parte intitula-se O Encontro, e o que Gregorius encontra é a biblioteca do já falecido Amadeu do Prado, no Bairro Alto, Rua Luz Soriano, numa “casa azul” - em parte devido aos azulejos.
 
A Rua Augusta
Um contacto no Diário de Notícias - a cujo encontro vai subindo a pé a Avenida - dá-lhe a pista para um mestre de línguas clássicas, um padre, antigo professor num liceu da zona oriental de Lisboa, “já fora do perímetro da cidade”.
O liceu que encontra é uma ruína completa. Mas é a partir de uma Bíblia que encontra no liceu arruinado, do antigo professor de liceu - que localiza em Belém, no outro extremo da cidade -, de novos contactos e pistas, Gregorius encontra as respostas possíveis para as suas improváveis perguntas.
E assim pode partir para a IV parte do romance: O Regresso.
Sempre com Lisboa como protagonista.

Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.

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