segunda-feira, março 11, 2013

Sinal de trânsito com 327 anos

 
O édito de D. Pedro II (1686)
 
Será provavelmente o mais antigo de Lisboa, talvez o mais vetusto de Portugal, eventualmente o mais arcaico do mundo. Data de 1686, ano em que o Rei D. Pedro II o mandou gravar em pedra e implantar numa transversal da Rua das Escolas Gerais, a Rua do Salvador, para regular a circulação e as prioridades de coches, seges e liteiras, que geravam com frequência situações de confronto na zona. Séculos mais tarde, nas Escolas Gerais, o trânsito de carros elétricos também gerou conflitos solucionados por sinaleiros voluntários que manejavam uma placa de sinalização, verde de avançar, de um lado, e vermelha de parar, do outro.

A pedra do tempo de D. Pedro II ainda lá está, entre os números 26 e 28 da Rua do Salvador, na antiga freguesia de Santo Estevão, Alfama, bem mais abaixo da altura dos olhos de um homem de estatura mediana e um pouco acima de uma caixa de ligação elétrica.
Reza assim o édito de D. Pedro II:

Entre os números 26 e 28
Ano de 1686
 
Sua Majestade ordena

que os coches, seges e liteiras

que vierem da Portaria

do Salvador recuem

para a mesma parte


A entrada na Rua das Escolas Gerais
para a Rua do Salvador
 
Naquele tempo a Rua do Salvador, que hoje liga a Rua das Escolas Gerais à Rua de São Tomé, estabelecia a ligação das portas do Castelo de São Jorge com a baixa da cidade. Anteriormente, aquela era a zona do Bairro dos Escolares, até que no início do século XIV os Estudos Gerais foram transferidos para Coimbra, regressando a Lisboa nos anos 30 do mesmo século.

A placa de pedra lá está, registando um édito de D. Pedro II - cognominado O Pacífico e que descansa para a eternidade ali perto, no Panteão dos Braganças -, desafiando os séculos e a memória.
Que a cidade proteja o seu testemunho.

Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados.

Sem comentários:

Enviar um comentário