O édito de D. Pedro II (1686) |
Será
provavelmente o mais antigo de Lisboa, talvez o mais vetusto de Portugal,
eventualmente o mais arcaico do mundo. Data de 1686, ano em que o Rei D. Pedro
II o mandou gravar em pedra e implantar numa transversal da Rua das Escolas
Gerais, a Rua do Salvador, para regular a circulação e as prioridades de
coches, seges e liteiras, que geravam com frequência situações de confronto na
zona. Séculos mais tarde, nas Escolas Gerais, o trânsito de carros elétricos
também gerou conflitos solucionados por sinaleiros voluntários que manejavam
uma placa de sinalização, verde de avançar, de um lado, e vermelha de parar, do
outro.
A pedra do
tempo de D. Pedro II ainda lá está, entre os números 26 e 28 da Rua do
Salvador, na antiga freguesia de Santo Estevão, Alfama, bem mais abaixo da
altura dos olhos de um homem de estatura mediana e um pouco acima de uma caixa
de ligação elétrica.
Reza assim o édito de D. Pedro II:
Entre os números 26 e 28 |
Ano de 1686
Sua Majestade ordena
que os coches, seges e liteiras
que vierem da Portaria
do Salvador recuem
para a mesma parte
A entrada na Rua das Escolas Gerais para a Rua do Salvador |
Naquele tempo a Rua do
Salvador, que hoje liga a Rua das Escolas Gerais à Rua de São Tomé, estabelecia
a ligação das portas do Castelo de São Jorge com a baixa da cidade.
Anteriormente, aquela era a zona do Bairro dos Escolares, até que no início do
século XIV os Estudos Gerais foram transferidos para Coimbra, regressando a
Lisboa nos anos 30 do mesmo século.
A placa de pedra lá está,
registando um édito de D. Pedro II - cognominado O Pacífico e que descansa para
a eternidade ali perto, no Panteão dos Braganças -, desafiando os séculos e a
memória.
Que a cidade proteja o seu
testemunho.
Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados.
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