"Cuando tú desembarcas en Lisboa, // cielo celeste
y rosa rosa, // estuco blanco y oro, // pétalos de ladrillo (…) no sabes que detrás de las ventanas // escuchan, //
rondan // carceleros de luto (…) la
policía // bajo las otoñales cornucópias // buscando portugueses, // rascando
el suelo, // destinando los hombres a la sombra."
Pablo Neruda / El Puerto Color de Cielo, 1953 *
Pablo Neruda / El Puerto Color de Cielo, 1953 *
O viajante que
chega a Lisboa / Santa Apolónia depara, eventualmente, com uma lápide
homenageando o “general sem medo”, Humberto Delgado, que ali desembarcou
em 16 de Maio de 1958, sendo esperado por “milhares de pessoas”.
Se o viajante
visitar a Sé de Lisboa, e da Sé subir para os miradouros de Santa Luzia ou das
Portas do Sol, vai possivelmente dar por um edifício austero com grades
sinistras onde outrora, “do silêncio das ‘gavetas’ da Pátria amordaçada (…) subiu o clamor da
liberdade e floriu Abril”.
Se visitar o
Chiado e seguir para a baixa pela Rua António Maria Cardoso, poderá, se for muito
perspicaz, vislumbrar uma inscrição na parede de um condomínio de luxo, que
reza que ali, “na tarde de 25 de Abril de 1974, a PIDE abriu fogo sobre o povo
de Lisboa e matou”.
Na estação de Santa Apolónia, no Aljube, na antiga sede da PIDE (foto à direita) há memórias de pedra dos anos de chumbo. Como no Alto de São João há o monumento que honra os mortos do Tarrafal. Ou, nos Prazeres, o túmulo do capitão Henrique Galvão reza que “quando a ditadura é um facto a revolução é um direito”.
A memória dos portugueses não foi para a cova. Está gravada em pedra para que dure.
Texto João
Francisco. Fotos Francisco João / Direitos reservados.
* Leia o poema de Pablo Neruda La Lámpara Marina na íntegra aqui no blogue Absorto, editado por Eduardo Graça.
* Leia o poema de Pablo Neruda La Lámpara Marina na íntegra aqui no blogue Absorto, editado por Eduardo Graça.
Não deixar que a memória se apague.
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