Ainda a rua que se chama dos
Correeiros dava pelo nome de Travessa da Palha - a rimar com canalha num fado cantado, como só ela
sabia, por Lucília do Carmo - e já o galego João servia meia desfeita de bacalhau: salada de bacalhau desfiado com grão,
temperados com azeite, vinagre, salsa e cebola. Nesses tempos, a taberna que
dava cartas na Travessa da Palha era a do Friagem - referida aliás nos versos
de Gabriel de Oliveira para o fado de Frederico de Brito e a voz de Maria Alice: "Cena Fadista".
Mais tarde, "Foi na Travessa da Palha",
cantado por Lucília:
“Na taberna do Friagem // Entre muita fadistagem // Enfrentei-os sem rancor”. Fernando Farinha também cantou: “O Friagem foi
talvez // A taberna mais fadista”… E Aníbal Nazaré escreveu para o teatro de revista: “Cantar o fado corrido na Taberna do Friagem”... Adiante. Nesse tempo, o galego João servia bacalhau e copos de tinto, numa das
primeiras portas da rua è esquerda de quem vem da Praça da Figueira.
A casa chama-se há muitas
décadas João do Grão. Conquistou
fama, é uma instituição. João do Grão
foi mesmo o título de uma revista do Parque Mayer, com António Silva, no início
da década de 40 do século passado. Vem gente de outras cidades do País e de
fora, sobretudo de Espanha, para se sentar à mesa do João do Grão. O bacalhau já não é prato único da casa - que serve o
fiel amigo assado na brasa, cozido
com grão, à Brás, à Gomes de Sá ou em açorda -, mas também iscas à portuguesa,
mão de vaca com grão, cozido à portuguesa, numa lista a que não faltam os
peixes do dia e as carnes mais triviais, tudo sempre servido com fartura de
legumes frescos e outros acompanhamentos. A lista de vinhos é manifestamente
insuficiente para tanta fartura e diversidade de peixes e carnes.
O João do Grão é bom e
relativamente barato, o serviço é rápido e educado. Tem duas salas, está aberto
do meio-dia às três da tarde e das seis às 10 da noite. Só fecha no dia de
Natal.
Veja também:
Texto e fotos Beco das
Barrelas / Direitos reservados.
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