A afición já teve certamente melhores dias
em Portugal e nomeadamente em Lisboa. Mas a própria existência de uma Praça de
Touros tão majestosa como é a do Campo Pequeno comprova que a afición passou por épocas de esplendor,
que enchiam praças com cartéis que mereciam casa cheia.
Esse tempo já
lá vai. Mudam-se os tempos, as vontades, as mentalidades, as solicitações e os
programas da chamada Festa também
mudaram. Espetáculo televisivo, com a televisão a impor transmissões noturnas,
quando os toiros se querem às cinco da tarde, com sol. E corridas ditas à portuguesa para os turistas.
Houve tempos
em que a Praça do Campo Pequeno, em Lisboa, agora com 120 anos de idade, era
ponto de passagem para os maiores artistas do toureio a pé. Nos anos 40 do século
passado, Manuel Rodríguez, Manolete,
apresentou-se por três vezes no Campo Pequeno. E embora tenha sido inaugurada
já depois do decreto do rei D. Miguel proibindo os toiros de morte em Portugal,
a Praça foi cenário da “faena integral”
executada por dois matadores portugueses, Manuel dos Santos, nos anos 50, e
José Falcão, um mês após o 25 de Abril, na Corrida TV de 1974. Ambos saíram em
ombros, pela porta grande da Praça, com a PSP à espera para lhes instaurar processos-crime.
A partir da
Páscoa abre a temporada e lá teremos, nas noites das quintas-feiras, os camones aos gritos perante a emoção das pegas
de caras.
Os aficionados portugueses vão a Espanha.
Mas nas ruas que vão dar ao Campo Pequeno há ainda sinais vivos de quando a afición estava instalada nos arredores da Praça.
Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados.
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