Antonio
Tabucchi nasceu em Itália mas casou-se com Portugal por amor. E por amor adotou
a nacionalidade portuguesa e deixou que Portugal o adotasse. Nascido em Vecchiano,
província de Pisa, em 1943. Licenciou-se na Universidade de Sienna com uma tese
sobre "O surrealismo em Portugal". Começou por ser professor de
Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Siena, estudou e divulgou
Fernando Pessoa, casou com uma portuguesa, vivia seis meses por ano em Lisboa,
com a mulher e os filhos, viajava pela Europa da Cultura, escrevia para jornais
italianos e portugueses. Até que em
2004 adquiriu a nacionalidade portuguesa. Falecido em Março de 2012, está
sepultado no Cemitério dos Prazeres, perto de Carlos de Oliveira e de Matilde Rosa Araújo.
O seu “testemunho”
Afirma Pereira tem Lisboa como
protagonista, para além do próprio Doutor Pereira, jornalista português gordo e
em pré-reforma, a dirigir a página cultural do jornal Lisboa.
Lisboa
entrelaça-se com os acontecimentos do “testemunho”, passados no tempo em que
Espanha mergulhava na guerra civil. Pereira vive, segundo as primeiras
referências, perto da Sé, de onde tem ainda que subir até casa. Mais tarde
percebe-se que mora na Rua da Saudade, nº 22, 2º andar. Tabucchi tem um
magnífico texto sobre a saudade a que já fizemos referência neste blogue
(Veja:
Descendo do Castelo, a saudade).
O escritório
da página de Cultura do Lisboa fica,
fora da redação central, na Rua Rodrigo da Fonseca, 66. E o solitário e triste Pereira
frequenta a pastelaria Orquídea que, com efeito, existe na Alexandre Herculano,
onde se bate com omeletas com salsa ou, estando de dieta, saladas de peixe,
sempre regadas com limonadas. De uma das vezes que vai à Parede, na Linha de
Cascais, a tratamento de banhos de algas, passa pelo British Bar, no Cais de Sodré, onde Aquilino Ribeiro conversa com
Bernardo Marques.
O “testemunho”
foi adaptado ao cinema pelo realizador Roberto Faenza, com Marcello Mastroianni
no papel de Pereira.
A narrativa é
feita segundo o que afirma Pereira,
ou Pereira afirma, não se sabe a
quem, nem em que circunstâncias. E os acontecimentos levam Pereira a convocar a
sua “confederação de almas”, o que o leva a assumir-se como um homem com
posição.
E Lisboa perpassa
em cada página, desde a festa popular com que tudo começa, na Praça da Alegria,
até que decide desandar. “Não havia tempo a perder, afirma Pereira”.
Texto e fotos
Beco das Barrelas / Direitos reservados.
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