segunda-feira, fevereiro 25, 2013

E de súbito o Alentejo árabe em Lisboa

Passeando pela Rua das Portas de Santo Antão, antiga Rua Eugénio dos Santos, entrando a porta da rua do número 58, subindo as escadas, passando a porta de vitrais, estamos de repente como que na Andaluzia mourisca, sequência natural do Alentejo de ascendência árabe. A surpreendente Casa chama-se do Alentejo e terá três, quatro séculos de história.

Remonta ao século XVII e foi o solar da família Pais de Faria, construído fora da Muralha Fernandina e às Portas de Santo Antão. Era conhecido por Palácio Alverca quando, nas primeiras décadas do século XX foi expropriado e reconstituído como um dos primeiros casinos de Lisboa: o Majestic Club, mais tarde Monumental Club. Nos anos 30 foi arrendado ao Grémio Alentejano e ali nasceu, enfim, a Casa do Alentejo. A imprensa portuguesa da época da inauguração da Casa do Alentejo escrevia: “Vêm-nos à mente as visões fantásticas das mil e uma noites”.
 
O magnífico átrio, em estilo árabe, e as salas e salões decorados com pinturas e azulejos mantiveram-se até aos nossos dias. São hoje salões e salas restaurantes, com ementa centrada na cozinha alentejana. Mas também salas de leitura, de jogos, com primoroso mobiliário "art nouveau" que vai ganhando patine e um certo ar decadente 




A Casa do Alentejo tem atividade editorial, de temas literários e da realidade alentejana, promove espetáculos, e sessões culturais. Não há nada assim no Alentejo. Mas esta é a Casa de um imaginário dos tempos que deixaram no Sul do País as casas brancas, as técnicas agrícolas, os sistemas de captação de água, os hábitos alimentares, os estilos artísticos e uma longa herança de palavras.

Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados

1 comentário:

  1. Lindissima, esta Casa do Alentejo. Aconselho vivamente a sua visita e frequência.

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