Passeando pela
Rua das Portas de Santo Antão, antiga Rua Eugénio dos Santos, entrando a porta da
rua do número 58, subindo as escadas, passando a porta de vitrais, estamos de
repente como que na Andaluzia mourisca, sequência natural do Alentejo de
ascendência árabe. A surpreendente Casa chama-se do Alentejo e terá três, quatro
séculos de história.
Remonta ao
século XVII e foi o solar da família Pais de Faria, construído fora da Muralha
Fernandina e às Portas de Santo Antão. Era conhecido por Palácio Alverca
quando, nas primeiras décadas do século XX foi expropriado e reconstituído como
um dos primeiros casinos de Lisboa: o Majestic
Club, mais tarde Monumental Club.
Nos anos 30 foi arrendado ao Grémio Alentejano e ali nasceu, enfim, a Casa do
Alentejo. A imprensa portuguesa da época da inauguração da Casa do Alentejo
escrevia: “Vêm-nos à mente as visões fantásticas das mil e uma noites”.
O magnífico átrio,
em estilo árabe, e as salas e salões decorados com pinturas e azulejos
mantiveram-se até aos nossos dias. São hoje salões e salas restaurantes, com
ementa centrada na cozinha alentejana. Mas também salas de leitura, de jogos,
com primoroso mobiliário "art
nouveau" que vai ganhando patine
e um certo ar decadente.
A Casa do Alentejo tem atividade editorial, de temas literários e da realidade alentejana, promove espetáculos, e sessões culturais. Não há nada assim no Alentejo. Mas esta é a Casa de um imaginário dos tempos que deixaram no Sul do País as casas brancas, as técnicas agrícolas, os sistemas de captação de água, os hábitos alimentares, os estilos artísticos e uma longa herança de palavras.
Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados
Lindissima, esta Casa do Alentejo. Aconselho vivamente a sua visita e frequência.
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