A única novidade
na Praça da Alegria, em Lisboa, é o Hot
Club de Portugal - fundado em 16 de Março de 1948 e refundado em 2011,
após o incêndio no prédio e inundação na cave em 2009. Considerado pela revista
Downbeat como um dos cem melhores
clubes de jazz do mundo e justamente classificado como um dos mais antigos clubes de jazz da Europa, o Hot Club manteve-se na Praça da
Alegria, agora nos números 47 a 49, e a bem dizer é a única alegria da Praça.
Maxime |
A Praça era um
terreno agrícola, chamado Cotovia de Baixo, antes do Terramoto de 1755, depois
ali funcionou a antecessora da Feira da Ladra, então chamada Feira da Alegria,
e só no século XIX começou a ser urbanizado. Nunca foi uma beleza
arquitetónica, diga-se. Mas houve um tempo em que era um centro da Lisboa
noturna e boémia. Dois cabarets, o Maxim
e o Fontória, a casa de fados de
Márcia Condessa, nas imediações o Parque
Mayer, para um lado, e o Ritz Clube,
para outro. Quando tudo confluía para a Praça da Alegria, em geral era porque a
noite acabava na esquadra da PSP.
Agora, a
antiga esquadra está emparedada, o
Fontória está fechado, o Maxim e
o Ritz Clube funcionam em part time. Márcia Condessa já não
cantava o fado quando morreu em 2006, com 91 anos. E a morte do Parque Mayer criou um universo de fantasmas nos arredores.
A Federação Portuguesa de
Futebol mudou-se em 2004 para a Avenida Alexandre Herculano. Na Praça mantém-se
o quartel dos Bombeiros Voluntários da Ajuda. E agora existe a Residencial
Alegria (duas estrelas), onde antes funcionava a Pensão Sevilha (curta
permanência, água quentes e frias).
A fachada do prédio onde funcionou o Hot evoca em grafitos o passado da Praça |
No centro da Praça mantém-se o Jardim Alfredo Keil, cujos bancos são agora dos maiores albergues de sem-abrigo na noite de Lisboa.
E como diria José Carlos Ary dos Santos, nas palavras cantadas por José Afonso:
A cidade é um chão de palavras pisadas
(…) à procura da sombra de uma luz que não há.
Texto e fotos
Beco das Barrelas
/ Direitos reservados.
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