Deste-me um nome de rua,
Duma rua de Lisboa!
David Mourão-Ferreira
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Jardim Amália |
Afinal deram-lhe o nome a um jardim, no alto do Parque Eduardo VII, onde
agora chega o Corredor Verde de Lisboa. Jardim Amália. Para trás ficou a
iniciativa popular de dar-lhe o nome de rua a São Bento, onde Amália Rodrigues
viveu e conviveu. Ficava-lhe bem o nome, numa rua antiga da cidade que conduz à
Madragoa, como ficaria em Alfama ou na Mouraria, bairros onde o fado nasceu e
estabeleceu residência, bairros de gente que tem o fado nas veias.
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Casa Museu Amália |
Depois chegaram os poetas, e que bem que a voz de Amália fez à divulgação
da poesia, depois de cantar e gravar fados sentidos mas também cançonetas
comerciais e até mesmo versinhos a tecer o elogio da pobreza que tanto agradava
ao regime. Mas Amália foi sempre superior ao que cantava, até cantar os grandes
poetas da língua portuguesa. Então ficaram a par, os grandes poetas e a grande
voz única e inimitável que os cantava. “Com que voz”, de Luís de Camões na voz
de Amália, é das mais belas obras da língua portuguesa, cantada na música de
Alain Oulman, um francês de ascendência nascido no Dafundo. Lembro-me de ouvir,
muito antes de ser editada e publicada, a gravação integral do serão em casa de
Amália com Vinicius de Morais e José Carlos Ary dos Santos, um pouco mais para
diante com David Mourão-Ferreira. Foi ali, na Rua de São Bento, que muitos
quiseram que tivesse como nome de rua o nome de Amália.
Na casa da Rua de São Bento existe agora a Fundação e Casa Museu Amália
Rodrigues. De alguma maneira, Lisboa deu-lhe um nome de rua.
Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados.
Leia a biografia de Amália no site do Museu do Fado:
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