Todos a conhecem ou todos a observam quando descem
a Rua do Carmo. Talvez nunca ninguém a tenha visto a rodar, embora tenha rodas,
volante, caixa para o motor, carroceria. E também tem instalação sonora, que
espalha sons dolentes de fado a quem passa na Rua do Carmo. Por mim, confesso:
quantas e quantas vezes parei perto de montras que não me diziam nada, só para
ficar a ouvir até ao fim um conhecido fado de Amália, uma antiga gravação de
Lucília, um remake de Beatriz da Conceição, o novo disco de Ana Moura. Que querem?
A “culpa” fica com a minha mãezinha que me embalou a cantar fados daqueles
tempos, como esse, lindíssimo, que aqui há dias recordei num texto a propósito
da solidão, Fria Claridade, poema de
Pedro Homem de Mello.
A carrinha do Fado - viatura vintage da marca Fleur de Lys,
com a matrícula OE-50-80 - vende discos mas, acima de tudo, divulga ao fado entre
quem passa numa das mais movimentadas ruas pedonais de Lisboa. E a sua função
completa-se, um pouco mais abaixo, na Rua Áurea, com a Discoteca Amália.
A casa foi fundada em 1991 e constitui um
verdadeiro relicário do fado. Ali se
encontram as últimas novidades como os mais antigos sucessos, novos fadistas,
como novos velhos fadistas que muita gente não sabe o que perdeu nunca os tendo
ouvido cantar. Novidades e raridades numa loja da Baixa, com o Fado em alta.
Texto e fotos
de Beco das Barrelas / Direitos reservados.
Veja também:
Alfama, o fado e os poetas
E que tal um fado? Vamos a isso:
E que tal um fado? Vamos a isso:
Amália com o saxofonista Don Byas // Povo que lavas no rio // Poema de Pedro Homem de Mello, // fado Vitória, de Joaquim
Campos // Guitarras José Fontes Rocha e Carlos Gonçalves, viola Pedro Leal, viola-baixo Joel Pina.
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