quarta-feira, novembro 21, 2012

Os Restauradores


Situada entre o Rossio e o extremo Sul da Avenida da Liberdade, a Praça dos Restauradores tem ao centro um obelisco de 30 metros que celebra a Restauração da Independência de Portugal do domínio dos Filipes em 1 de Dezembro de 1640 - efeméride que agora passou à história no calendário dos feriados nacionais. O monumento foi inaugurado em 28 de Abril de 1886 e o seu custo, 45 contos de reis, foi obtido por subscrição pública em Portugal e no Brasil. Na atualidade, a placa central da Praça tem calçada portuguesa desenhada por João Abel Manta.
A Praça, que abriu caminho à expansão de Lisboa para Norte, é um ponto de passagem. Mas isso não retira importância à monumentalidade de algumas das edificações que a demarcam. Em primeiro lugar, o Palácio Foz, começado a construir em 1755. Antes de ser uma repartição pública, o Palácio exibia uma decoração interior magnífica e mobiliário de grande esplendor. Ali funcionou nos tempos mais recuados do século passado o Maxim’s, dancing muito frequentado e animado. Vizinho do Palácio foi o Éden-Teatro, integrando os salões Central e Foz. Do outro lado da Praça existiu o cinema Condes, hoje transformado num Hard-Rock Café.
 
Hoje, a Praça é uma Babel de gente apressada e de mirones.
Os primeiros vão para a estação do Rossio, para o Metro ou para a Loja do Cidadão; os segundos andam por ali a ver se cai alguma coisa do céu. Também há turistas.
E esplanadas para os turistas.
E no extremo Sul da Praça ergue-se majestoso o Avenida Palace, com mais passado que presente.
 


Belarmino, fotografia de Augusto Cabrita,
para o filme de Fernando Lopes
Em tempos, à porta do Éden, parava habitualmente Belarmino Fragoso, na sua fase de engraxador de sapatos. Disse dele Baptista-Bastos, no guião do filme Belarmino, de Fernando Lopes: “Se Belarmino tivesse vivido noutro país, talvez fosse um grande campeão”.
E acrescentou Alexandre O'Neill: "Belarmino // quando ao tapete nos levar // a mofina, // tu ficarás sem murro, // eu ficarei sem rima, // pugilista e poeta, campeões com jeito // e amadores da má vida".

Texto e fotos de Beco das Barrelas / Direitos reservados.

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