Já foram donos do mar
Vão para terras de França.
Manuel Alegre
Mais de 600 mil pessoas deixaram o País desde o início da crise, em
2008. A Secretaria de Estado das Comunidades estima que tenham abandonado o País no
ano passado 100 mil a 120 mil portugueses. E nos primeiros nove meses deste ano
emigraram perto de 30 mil. A emigração em Portugal em 2011 aproximou-se da
registada nos anos 60 e 70 do século passado.
Além dos destinos tradicionais como França, destacam-se agora outros países
como Angola, Brasil e Inglaterra. A par da construção civil, que continua a ser
um dos sectores de maior trabalho para os emigrantes, o país tem assistido a uma
nova vaga de emigração entre os jovens licenciados. Mas a notícia mais dolorosa
vem num relatório da Comissão Europeia e revela que há crianças portuguesas a
emigrar para trabalhar na União Europeia.
O coordenador do Observatório da Emigração observou recentemente que “pela
primeira vez, a necessidade de emigração chegou a grupos sociais com maior
qualidade de vida, mais acesso a informação, maior influência e, por isso,
passou a ser um problema público”.
Esta é a dura realidade do Portugal atual: um país bom para fugir daqui
para fora. As estatísticas demográficas olham contra os governos: Portugal está
mais pobre, mais velho, mais despovoado e desertificado, mais estagnado, mais
desempregado, mais precário, menos fecundo.
Comentou, e bem, o ex-secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da
Silva, que «alguma coisa tem de estar muito mal neste Pais» para que tantos
portugueses emigrem.
Em Lisboa, na estação de Santa Apolónia, a estátua da autoria de Dorita Castel-Branco em
homenagem Ao Emigrante Português, inaugurada em 1981, deixa de ser uma alusão
ao passado. A emigração voltou à ordem dos dias em Portugal. Ei-los que partem…
Virão um dia, ou não...
"Muitos
emigrantes portugueses estão a “desistir do país” e a pedir a naturalização nos
países de destino. Em 2010, quase cinco mil portugueses pediram nacionalidade
francesa. Na Suíça, foram 2200 os portugueses a tornaram-se naturais daquele
país. No mesmo ano, no Luxemburgo houve 1345 emigrantes portugueses que
adquiriram dupla nacionalidade."
do jornal Público.
do jornal Público.
Texto e fotos
de Beco das Barrelas / Direitos reservados.
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