O Bairro Alto
comemora em 15 de Dezembro 499 anos. E à beira de celebrar meio milénio, a
antiga Vila Nova de Andrade, depois Bairro Alto de São Roque, é ainda um bom exemplo
da arquitetura da cidade de Lisboa, antes e depois do terramoto de 1755. Foi um
dos primeiros bairros em toda a Europa a ser construído em quadrícula, por
ordem de D. Manuel I, o que o levou a resistir de algum modo ao terramoto, e em
seu redor já estão os sinais da arquitetura pombalina.
O Bairro
cresceu e existe dentro de uma esquadria definida a Sul pelo Calhariz, o Loreto
e o Camões, a Norte pela Rua D. Pedro V, a Leste pela Rua da Misericórdia e por
S. Pedro de Alcântara, e a Oeste pela Rua do Século. Mas dentro desta
esquadria, a quadrícula é algo irregular, mais parecendo uma malha, que
coincide com um desenvolvimento a dois tempos do Bairro Alto: numa primeira
fase até à Travessa da Queimada e depois para Norte até à rua D. Pedro V.
Das grandes longitudinais,
só a Rua da Rosa atravessa todo o Bairro, do Calhariz à D. Pedro V. As ruas das
Gáveas e a do Norte vão do Camões à Travessa da Queimada; a Rua do Diário de
Notícias passa a Queimada mas começa na Rua das Salgadeiras e acaba na Travessa
da Cara; a Rua da Barroca também começa nas Salgadeiras e fica-se pela Travessa
da Queimada. A Rua da Atalaia sobe do Loreto, ultrapassa as outras
longitudinais mas termina na esquina com a Calçada do Tijolo. Vem depois a Rua
da Rosa, que atravessa todo o Bairro. A Rua Luz Soriano começa já na Calçada do
Combro mas fica-se pela Calçada do Cabra; a Rua dos Caetanos não vai além da
Travessa das Mercês e da dos Inglesinhos; as ruas da Boaventura e da Vinha saem
da Calçada do Cabra e terminam na Travessa do Conde Soure; onde termina também
a Rua Nova do Loureiro que principia na Travessa dos Inglesinhos. As
transversais completam a malha do Bairro, com um desenho ainda mais entrecortado:
Salgadeiras, Mercês, Espera, Fiéis de Deus, Poço da Cidade, Inglesinhos e
Queimada, Grémio Lusitano, Calçada do Cabra, travessas da Água da Flor, da Boa
Hora, da Cara, do Tijolo e de S. Pedro. Entre as travessas da Cara e S. Pedro
passam as breves ruas da Teixeira e dos Mouros. A Sul, entre as travessas dos Fiéis de Deus e das Mercês fica a Rua do Trombeta.
É este o
Bairro Alto, onde moradores vivem o dia-a-dia - queixando-se do ruído e do lixo da noite - e forasteiros passam o
noite-a-noite. Desde o século XVIII que o Bairro Alto é local de boémia e de
fado; nos anos 80 do século XX passou a ser o centro da movida noturna.
Texto e fotos
Becos das Barrelas / Direitos reservados.
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