terça-feira, novembro 27, 2012

O outro lado da Avenida da Liberdade


Dissemo-lo há dias e mostrámos algumas das razões: A Avenida da Liberdade foi considerada pela Excellence Mystery Shopping como uma das dez mais luxuosas avenidas do Mundo. Mostrámos as marcas que se vendem na Avenida, o topo de gama do luxo, como poderemos mostrar os hotéis, entre os quais o Tivoli que, por maior que seja a concorrência, mantém o charme que faz o seu imenso sucesso.
Acontece que a Avenida da Liberdade tem outra face, que não vem nas revistas de modas, nem nos guias turísticos, e que não tem cotação do Excellence Mystery Shopping.
 
Essa outra Lisboa e essa outra Avenida da Liberdade é uma cidade e uma das ruas dos sem-abrigo. Nos Censos 2011 diz-se que serão 696 em todo o País, num universo populacional acima dos dez milhões e meio de residentes. Mas como é que foi possível recensear a população dos sem-abrigo? O INE considera sem-abrigoa pessoa que, no momento censitário, se encontra a viver na rua ou noutro espaço público como jardins, estações de metro, paragens de autocarro, pontes e viadutos, arcadas de edifícios entre outros”. Mas o coordenador da Rede Europeia Anti-Pobreza considera que “a realidade é bem pior do que a que as estatísticas mostram.”
 
A triste realidade da existência de uma população sem-abrigo está para além dos números. O que conta é a miséria, o sofrimento e a solidão. É uma realidade que vem com o cair da noite nas cidades. Mas que deixa os seus sinais durante o dia. Na Avenida da Liberdade, em Lisboa, uma das dez mais luxuosas avenidas do Mundo, há pessoas sem-abrigo que têm lugar marcado para a noite sem-abrigo, precariamente acolhida em caixotes de cartão junto aos bancos de jardim.
Do outro lado da Avenida, alguém tem uma reserva no Tivoli.

Texto e fotos de Beco das Barrelas / Direitos reservados.

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