Nos números 13 e 14 do Conde Barão funcionou a empresa que resultou da fusão, em 1929, das fábricas Collares e Vulcano. |
A primeira
greve em Portugal aconteceu em Setembro de 1849, em Lisboa, envolvendo quatro
fábricas de fundição e serralharia industrial situadas Nas imediações da Rua da
Boavista e do Largo do Conde Barão. Ter-se-ão verificado anteriores conflitos laborais
mas a primeira greve, que tecnicamente merece esse nome, foi a de 1849.
Os operários
das fábricas José Pedro Collares e Filhos, Phenix, Vulcano e João Bachelay,
todas elas situadas na zona industrial localizada entre o Tejo, a Rua da
Boavista e o Largo do Conde Barão, fizeram greve em luta contra…
o serão.
Naqueles tempos, o horário de trabalho compreendia um serão no Outono e Inverno, quando os dias eram mais curtos. Os operários exigiam trabalhar apenas de sol a sol, todo ano, sem diminuição de salário pelo facto de não trabalharem ao serão.
o serão.
Naqueles tempos, o horário de trabalho compreendia um serão no Outono e Inverno, quando os dias eram mais curtos. Os operários exigiam trabalhar apenas de sol a sol, todo ano, sem diminuição de salário pelo facto de não trabalharem ao serão.
O analista
social José Barreto * conta que, “na
tarde do dia 10 de Setembro, uma
segunda-feira, várias dezenas de ferreiros, serralheiros e torneiros da fábrica Vulcano abandonaram o
trabalho à hora do começo do serão, recusando-se
a trabalhar até às 8 da noite. Foram para a rua e percorreram o caminho até à fábrica Phenix
gritando que não faziam serão e chamando os
seus colegas que ainda se encontravam a trabalhar.” Os operários das duas
fábricas juntaram-se a caminho das outras duas. Mas, os patrões destas - Collares e Filhos
e Bachelay - tinham entretanto chamado a Polícia para dispersar os
manifestantes. Naquele dia as coisas ficaram por ali. Mas no dia 11 de Setembro,
ao tocarem as Trindades, as fábricas ficaram desertas, sem ninguém para fazer
serão.
No local há vestígios de arqueologia industrial. |
A primeira notícia
sobre o casdo saiu no jornal Revolução de Setembro
no dia 12. O jornal explicava que os operários se recusavam a fazer serão e
pretendiam o pagamento por inteiro como se trabalhassem as horas que trabalhavam
de Verão. Por sinal, os tipógrafos que compunham este jornal vieram a
protagonizar a segunda greve registada em Portugal.
A greve
prosseguiu e o trabalho só foi retomado quando os patrões das quatro fábricas
se comprometeram a satisfazer as reivindicações dos grevistas, o que aconteceu
a 20 de Setembro. O Patriota
transcrevia nas suas páginas o regulamento interno das fábricas que, no dizer do
jornal, era, “com pouca diferença, o que os próprios operários pediam”. Mas em
1872, os metalúrgicos lisboetas voltaram a lutar contra os serões que,
entretanto, tinham sido restabelecidos.
Texto
e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados
Talvez tenha interesse em incluir aqui fotografias dum almofariz, em ferro fundido, assinado "João Bachelay"
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