Em Lisboa
eu prefiro o casario
que
se narcisa visto da outra banda
no
espelho às vezes turvo deste rio
é
entre o mar da palha e o bugio
que
o renque das fachadas se desmanda
em
tons de porcelana ao desafio
em
cada patamar, cada varanda
e a
luz de água e azul a derramar-se
vem
envolver-lhe o vulto reflectido,
dar-lhe
o contraste de uns ciprestes, dar-se
como
um banho lustral e desmedido
(...)
Vasco Graça Moura, Poesia
Quetzal Editores, 2000
Fotos Francisco,
Beco das Barrelas
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