Já lá vai o
mau tempo frio. É pelo menos o que se depreende da decisão da CML de desativar
o plano de contingência para os sem-abrigo devido ao frio, perante as previsões
que apontam para uma melhoria das condições climatéricas nos próximos dias. O
Plano de Contingência para as Pessoas Sem-Abrigo perante Tempo Frio tinha sido
ativado na segunda-feira da semana passada devido à “expetativa de vários dias
de temperaturas baixas”.
Durante os
dias mais frios da semana passada foram atendidas 41 pessoas e servidas 90
refeições, segundo o gabinete de comunicação da Câmara Municipal de Lisboa. De acordo com
o vereador responsável pela proteção civil o frio intenso da semana passada levou
239 homens e 30 mulheres sem-abrigo ao pavilhão do Casal Vistoso.
Retrato da
cidade sem-abrigo
A
cidade é um chão de palavras pisadas
A Cidade, José
Carlos Ary dos Santos
Em Dezembro de
2013, a cidade de Lisboa tinha recenseadas 852 pessoas sem-abrigo, na sua maioria homens, portugueses,
solteiros e sem fontes de rendimento, segundo um levantamento da Santa Casa da
Misericórdia.
Na contagem, realizada a 12 de Dezembro
de 2013, foram sinalizados 509 pessoas sem-abrigo na rua e 343 que dormiram em
Centros de Acolhimento nessa noite.
As freguesias de Santa Maria Maior
(antigas freguesias de Mártires,
Sacramento, Santa Justa, São Nicolau, Madalena, Sé, Socorro, São Lourenço, São
Cristóvão, Santiago, Castelo, São Miguel e Santo Estevão) e do Parque das Nações registaram a maior
concentração, com 83 pessoas cada, seguidas de Santo António (Coração de Jesus, São José e São Mamede), com 64.
Segundo a Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa, na origem da situação de exclusão estão, na maior parte dos casos,
conflitos familiares e relacionais, o desemprego e a doença física ou mental.
A grande maioria dos sem-abrigo
inquiridos é masculina (87%) e tem entre 35 e 54 anos (48%), seguido pelo
escalão 55-64 anos (20%). A pessoa mais nova contactada tem 16 anos e a mais
velha 85.
Os sem-abrigo inquiridos são
maioritariamente solteiros (44,5%) e portugueses (58,4%), tendo sido registados
14,3% sem-abrigo pertencentes a outros países da União Europeia.
Quanto à educação, um terço concluiu o
ensino secundário, técnico ou superior, 4,6% têm qualificações superiores e
7,7% não sabe ler nem escrever.
A grande maioria (71,8%) não tem
atualmente qualquer fonte de rendimento e 68,9% recebe apoio na alimentação.
Mais de 45% têm problemas de saúde.
Dos inquiridos, 54,2% dizem ter filhos,
mas 36,2% não mantêm contacto em eles. Contudo, 13,8% afirmam ter contacto
diário ou quase diário e 66,8% tem contactos frequentes com outros familiares.
Texto e fotos Beco das Barrelas
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