O
Fado, que é vizinho das pessoas em Alfama, chegou à janela, no Largo do Chafariz de Dentro,
e fez-se ouvir.
À mesma hora, do outro lado da Rua do Jardim do Tabaco, o
pianista Júlio Resende surpreendia o auditório.
E surpreendeu tanto que alguns
saíram depressa da esplanada do Museu do Fado ao perceberem que aquele fado não
era o que esperavam. Mas o fado do pianista Júlio Resende é admirável,
sobretudo quando interage com a voz de Amália e principalmente no fado Medo
(poema de Reinaldo Ferreira, música de Alain Oulman).
Na Igreja de Santo Estevão, junto ao cruzeiro do adro, houve em tempos guitarradas... |
O pianista tocava com a torre da igreja de Santo Estevão pelas costas, na noite em que o Festival Alfama rendia tributo a Fernando Maurício, o Rei, onze anos após a sua morte. Fadistas populares cantaram em homenagem a Maurício enquanto o público pensaria na falta irreparável que Maurício faz ao fado. O Centro Cultural Dr. Magalhães Lima - local da homenagem - é um edifício magnífico, mas com tetos daquela altura não há voz nem guitarras que não se percam em ecos e reverberações.
Não
se pode ver e ouvir tudo mas o segredo é escolher palcos pequenos e nomes
selecionados.
No palco grande, Jorge Fernando cantou como ele muito bem sabe, enquanto cantou fados; Carminho usou a sua voz magnífica num festival de trinados, gorgeios, requebros, voltinhas e floreados, estilando até à exaustão: dela própria e de parte do público.
No palco grande, Jorge Fernando cantou como ele muito bem sabe, enquanto cantou fados; Carminho usou a sua voz magnífica num festival de trinados, gorgeios, requebros, voltinhas e floreados, estilando até à exaustão: dela própria e de parte do público.
A não esquecer: O Festival Alfama terminou mas o Fado continua, todos os dias e todas as noites em Alfama e outros bairros de Lisboa.
Fotos Joana Francisca, Texto João Francisco,
Beco das Barrelas / D.R.
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