Consta que já estão em curso estudos
e análises para fazer o elenco das causas mais um dia de cheias em consequência
de chuvadas intensas. Como este blogue tem um carácter eminentemente
construtivo e visa contribuir, embora modestamente, para que lisboetas mais
distraídos, sejam eles governantes, autarcas, gestores ou cidadãos anónimos,
abram um pouco mais os olhos, deixamos uma pequena sugestão para a análise em
questão e em que estamos. Se se quer de facto saber o que se passou, perguntem
ao professor arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles que anda há décadas a falar com
toda a propriedade sobre o assunto.
Bem sabemos que as ideias de
Gonçalo Ribeiro Teles não estão lá muito na moda, nestes tempos de cimento
armado. O arquiteto fala de «ilhas de verdura» numa cidade refém do betão; fala
de «hortas e quintais», numa cidade impermeabilizada com argamassa que
substituiu quase todos os logradouros por espaços de estacionamento, caves,
arrecadações, casas de máquinas e oficinas; fala em «trazer o campo à cidade»
para uma sociedade de frequentadores compulsivos de centros comerciais; e fala
em «circulação da água», numa cidade que põe cimento em cima de cada centímetro
quadrado rimando urbanização com especulação e ambas com betão.
De
maneira que quem não queira ouvir e ter em conta ideias, experiências e
argumentos como os do arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles não venha dizer que quer
entender o que se passa em Lisboa de cada vez que chove um pouco mais. Sim,
porque o que se passou já se tinha passado anteriormente e voltará a passar-se.
Ribeiro Teles é que sabe.
Texto e foto Beco das Barrelas / D.R.
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