Rua do Instituto Bacteriológico |
Irás ao Paço. Irás pedir que a
tença
Seja paga na data combinada
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce
Seja paga na data combinada
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce
Sophia de Mello Breyner Andresen
Beco do Tronco, cadeia de Lisboa
no século XVI
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“Nascido em
1524 ou 1525, provavelmente em Lisboa, de uma família da pequena nobreza,
embora decaída e pobre, reconhece-se na sua obra uma educação escolar que pode
considerar-se esmerada (…) Quando novo, rodou na órbita de centros
aristocráticos (talvez mesmo a corte) e frequentou ao mesmo tempo a boémia
desregrada de Lisboa. As suas cartas mostram-no envolvido em brigas noturnas
entre bandos, com outra fidalgos arruaceiros e com mulheres fáceis do Bairro
Alto (…) Provavelmente a sua condição de fidalgo pobre e desprotegido é que o
obrigou (…) a preferir a carreiras das armas à das letras (…) Em 1550, à
semelhança de muitos fidalgos sem recursos, alistou-se para a Índia, mas não
chegou a embarcar: uma rixa em que deixou ferido um funcionário do Paço
atirou-o para a cadeia, donde, meses depois, saiu perdoado, atendendo a que era
pobre e ia servir o rei na Índia.
Calçada de
Santana
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“A estadia no
Oriente foi acidentada (...) Um amigo nomeado como capitão para Moçambique
promete-lhe emprego e adianta-lhe o pagamento das passagens, mas é provável que
isso lhe servisse principalmente como escala de regresso (…) Aqui chegou em
1569; trazia na bagagem Os Lusíadas, que
logo tratou de editar. Após a publicação
d’Os Lusíadas (1572) alcançou uma tença
trienal, aliás modesta, e nem sequer paga com regularidade (…) Os últimos anos
foram de miséria, segundo os testemunhos mais próximos. O seu enterro (1579 ou
1580) teve de ser feito a expensas de uma instituição de beneficência”.
António
José Saraiva / Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa,
Porto
Editora, 11ª edição
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