Alguém disse
um dia que os moradores do bairro da Bica têm o Tejo à janela e o elevador à
porta. O bairro, um dos mais pequenos de Lisboa, tem a linha do funicular como
espinha dorsal e tanto sobe e desce no sentido Norte-Sul, entre o Calhariz e
São Paulo, como no sentido Nascente-Poente, numa quadrícula onde se cruzam a Calçada
da Bica Pequena, o Beco dos Aciprestes, o Largo de Santo Antoninho, a Rua da Bica
Duarte Melo, a Rua do Almada e ainda calçadas, escadinhas e becos.
Contam os estudiosos
da história da cidade de Lisboa que a formação do território do bairro se deve
a sucessivos aluimentos de terras do Alto de Santa Catarina e do Alto das Chagas,
no século XVI. No final do século XIX, a instalação do funicular, descendo e
subindo entre o Calhariz e São Paulo, deu ao bairro da Bica o seu logótipo.
Mesmo quando o funicular está parado por avaria.
A Bica tem tradição
bairrista e vida de bairro, com origem na vida comum dos seus habitantes
originais: pescadores e mareantes, varinas.
E tem coletividades e associações
onde os vizinhos convivem e participam, como o Grupo Desportivo Zip-Zip, o Marítimo
Lisboa Clube, ou o Grupo Excursionista “Vai Tu”, com as suas noites de fado. É
o bairro que adotou Fernando Farinha, natural do Barreiro, como “miúdo da
Bica”, o bairro de Manuel de Almeida, que cantava o “Corrido” como ninguém, o
bairro que ouviu cantar o Marceneiro, num recanto do Largo de Santo Antoninho.
Este ano, a Marcha da Bica subiu ao pódio das Marchas de Lisboa, em 3º lugar. No seu historial, a Bica venceu oito vezes as Marchas. E rezava assim
a letra de uma velha Marcha da Bica: “A Bica brilha / Que maravilha / Veste-se
de poesia / E de ternura…”
Texto e fotos
Beco das Barrelas
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