segunda-feira, junho 17, 2013

Bica: o Tejo à janela e o elevador à porta


Alguém disse um dia que os moradores do bairro da Bica têm o Tejo à janela e o elevador à porta. O bairro, um dos mais pequenos de Lisboa, tem a linha do funicular como espinha dorsal e tanto sobe e desce no sentido Norte-Sul, entre o Calhariz e São Paulo, como no sentido Nascente-Poente, numa quadrícula onde se cruzam a Calçada da Bica Pequena, o Beco dos Aciprestes, o Largo de Santo Antoninho, a Rua da Bica Duarte Melo, a Rua do Almada e ainda calçadas, escadinhas e becos.

Contam os estudiosos da história da cidade de Lisboa que a formação do território do bairro se deve a sucessivos aluimentos de terras do Alto de Santa Catarina e do Alto das Chagas, no século XVI. No final do século XIX, a instalação do funicular, descendo e subindo entre o Calhariz e São Paulo, deu ao bairro da Bica o seu logótipo. Mesmo quando o funicular está parado por avaria.


A Bica tem tradição bairrista e vida de bairro, com origem na vida comum dos seus habitantes originais: pescadores e mareantes, varinas.
E tem coletividades e associações onde os vizinhos convivem e participam, como o Grupo Desportivo Zip-Zip, o Marítimo Lisboa Clube, ou o Grupo Excursionista “Vai Tu”, com as suas noites de fado. É o bairro que adotou Fernando Farinha, natural do Barreiro, como “miúdo da Bica”, o bairro de Manuel de Almeida, que cantava o “Corrido” como ninguém, o bairro que ouviu cantar o Marceneiro, num recanto do Largo de Santo Antoninho.

Este ano, a Marcha da Bica subiu ao pódio das Marchas de Lisboa, em 3º lugar. No seu historial, a Bica venceu oito vezes as Marchas. E rezava assim a letra de uma velha Marcha da Bica: “A Bica brilha / Que maravilha / Veste-se de poesia / E de ternura…”

Texto e fotos Beco das Barrelas

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