A
conceção da baixa de Lisboa, traçada sob os auspícios do Marquês de Pombal, dá
ainda hoje ao centro da cidade a ordenação precisa da geometria. É uma quadrícula
que organizou a vida e a circulação económica da Lisboa do século XVIII
renascida do Terramoto de 1755. E lá estão as longas longitudinais, ligando o
Rossio e a Praça da Figueira à Praça do Comércio – Rua Augusta, Rua do Outro e
Rua da Prata – mais as ruas paralelas dos Sapateiros, Correeiros, Douradores e
Fanqueiros e a irmã mais pequena rua do Crucifixo. As transversais completam a
quadrícula com as ruas de Santa Justa, Assunção, Vitória, S. Nicolau, da
Conceição, S. Julião e do Comércio.
Nem sempre se designaram assim. A do
Comércio foi a rua de El Rei, a dos Fanqueiros foi a rua da Princesa, a da
Prata foi a Bela da Rainha. E a rua do Correeiros foi a travessa da Palha que
ficou na letra de um fado do reportório da grande Lucília do Carmo.
Qualquer
que fosse a toponímia, a quadrícula organizou a regeneração da vida económica
de Lisboa. E no final do século XIX, ao fim da tarde, na Lisboa de Cesário
Verde, "às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas".
Fotos de
Francisco João (direitos reservados). Texto de João Francisco.
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