segunda-feira, setembro 10, 2012

Dança sem barreiras

A música que os jovens dançam no palco do anfiteatro ao ar livre canta o destino traçado pela sociedade para eles próprios e para muitos milhares de outros, que têm por amanhã “um tiro no escuro”. Mas que assumem a consciência de que merecem mais, muito mais. Portanto, “Vive a vida”, “Limpa as lágrimas e luta // Segue o teu caminho e escuta // A voz dentro de ti”. E o que diz a voz? “Tu és, tu és, tu és // Mais forte e no fim vais vencer // Tu és, tu és oh oh oh oh”. A voz, neste caso, é a de Boss AC.
 
Da rua para o palco e do bairro para os jardins da Fundação Gulbenkian, foi assim o trajeto de 48 jovens que se exibiram no anfiteatro ao ar livre da Fundação, ao fim da tarde de 6 de Setembro, num espetáculo de dança coreografado por Marco de Camillis. O coreógrafo italiano - também ele oriundo de um bairro problemático de Roma - percorreu 10 bairros periféricos da Grande Lisboa, chegou a juntar 350 candidatos, até que ficaram 48 selecionados. E ali estiveram, dançando ao som de música portuguesa de alguns dos mais conhecidos compositores e cantores das canções de rua: Boss AC, Buraka Som Sistema, Expensive Soul e muitos mais. A iniciativa foi apoiada pelas Fundações Gulbenkian e EDP e pelo projeto Escolhas.
Foi belo e também comovente. Como é sempre que se vislumbra a queda de uma barreira.
    
   O espetáculo Da rua para o palco, em apresentação anterior à do auditório ao ar livre da Gulbenkian, gravada no Teatro Maria Matos, passou na noite de 12 de Setembro, na RTP 1.

 Texto de João Francisco. Fotos FCG/direitos reservados.   

Sem comentários:

Enviar um comentário