A
música que os jovens dançam no palco do anfiteatro ao ar livre canta o destino traçado pela sociedade para
eles
próprios e para muitos milhares de outros, que têm por amanhã “um tiro no escuro”.
Mas que assumem a consciência de que merecem mais, muito mais. Portanto, “Vive
a vida”, “Limpa as lágrimas e luta // Segue o teu caminho e escuta // A voz
dentro de ti”. E o que diz a voz? “Tu és, tu és, tu és // Mais forte e no fim
vais vencer // Tu és, tu és oh oh oh oh”. A voz, neste caso, é a de Boss AC.
Da
rua para o palco e do bairro para os jardins da Fundação Gulbenkian, foi assim
o trajeto de 48 jovens que se exibiram no anfiteatro ao ar livre da Fundação,
ao fim da tarde de 6 de Setembro, num espetáculo de dança coreografado por Marco
de Camillis. O coreógrafo italiano - também ele oriundo de um bairro
problemático de Roma - percorreu 10 bairros periféricos da Grande Lisboa, chegou a juntar
350 candidatos, até que ficaram 48 selecionados. E ali estiveram, dançando
ao som de música portuguesa de alguns dos mais conhecidos compositores e
cantores das canções de rua: Boss AC, Buraka Som Sistema, Expensive Soul e
muitos mais. A iniciativa foi apoiada pelas Fundações Gulbenkian e EDP e pelo
projeto Escolhas.
Foi
belo e também comovente. Como é sempre que se vislumbra a queda de uma
barreira.
O espetáculo Da rua para o palco, em apresentação anterior à do auditório ao ar livre da Gulbenkian, gravada no Teatro Maria Matos, passou na noite de 12 de Setembro, na RTP 1.
Texto de João Francisco. Fotos FCG/direitos reservados.
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