As futuras instalações do Museu. Para o lado do rio é um paredão branco. |
Quem
desembarca na estação ferroviária de Belém, ido do Cais de Sodré, e não tenha
passado por ali nos últimos tempos, leva um verdadeiro murro no estômago se
olhar, sobre a direita, na direção da Calçada da Ajuda. É que está ali em
adiantada construção um verdadeiro “muro da vergonha”, um paralelepípedo
branco, gigantesco, de volume faraónico, que corta a vista do rio para terra e de terra para o rio.
“Aquilo” vai
ser o futuro Museu dos Coches. Trata-se de um com projeto do arquiteto
brasileiro Paulo Archias Mendes da Rocha, prémio Pritzker de 2006, construído
pela Mota & Engil e que já vai orçamentado em 40 milhões, tendo começado
nos 31 milhões, avançado para os 38,8, e chegando agora aos 40.
A área total
de construção é de aproximadamente 22.000 m2, com o Pavilhão de Exposições, de
aproximadamente 15.200 m2, constituído por 2 pisos elevados. O projeto prevê a
existência de 7.500 metros quadrados destinados a estacionamento e ainda uma
área de espaços exteriores de 13.500 metros quadrados. Com tanta área, o projeto bem escusava de ter tal volume.
Um dos museus mais visitados em Portugal |
O edifício do
que é ainda o Museu Nacional dos Coches foi construído em 1726 para Picadeiro
Real do Palácio de Belém. Em 1905 foi transformado em Museu dos Coches Reais.
Apesar da exiguidade das instalações tem sido dos museus da rede pública mais
visitados de Portugal. Em 2009 recebeu 197,7 mil visitantes. O Museu tem um
espólio valiosíssimo de coches que abrangem três séculos, dos coches barrocos
feitos em Roma para o embaixador português no Vaticano à sege que é considerada
o primeiro táxi de Lisboa.
A construção
das novas instalações tem sido sempre marcada pela polémica, chegando
recentemente a ser aventada “outra” utilização para as instalações, o que não
resolve o problema do “mamarracho” que vai ficar plantado a cortar a vista numa
das zonas turísticas mais visitadas de Lisboa.
Velhinho de
três séculos, insuficiente para o valioso espólio que possui, o velho Museu dos
Coches tem uma volumetria e uma implantação discretas no local e uma
incomparável dignidade.
Texto e fotos
Beco das Barrelas / Direitos reservados.
É um monstrengo, de facto (sobretudo pelo enquadramento).
ResponderEliminarEste tipo de projecto, para aquele local e para aquela finalidade é mais uma prova do novo-riquismo e ausência de bom senso, com o beneplácito dos organismos oficiais responsáveis pelo Património Nacional. Numa área da cidade que se reveste de certa grandeza arquitectónica e qualidade urbanística, como foi possível ser o Estado a promover a construção deste exemplar? Numa época em que tanto se fala de eficiência energética e poupança de energia, colocar peças delicadas de madeira e pinturas num edifício envidraçado, qual centro comercial, já se imaginou qual será o custo fixo de energia, sobretudo de Verão? Ou será que os coches serão conservados a temperaturas tropicais? Por outro lado, ter coches em planos elevados, parece que no primeiro andar, terá muito sentido?
ResponderEliminarJosé Honorato Ferreira
Não existem arquitetos portugueses?
ResponderEliminarPela foto vê-se um terreno vazio contíguo ao Museu. Não valeria a pena fazer-se uma ampliação, já que se fala na exiguidade das actuais instalações, mantendo o mesmo estilo arquitetónico?
O edifício que abrigará o novo Museu (oxalá não) é de péssimo gosto, beirando a classificação de medonho. Em nada combina o tipo de construção com as peças a serem exibidas. E não me venham falar em contrastes ...
Uma coisa fez-me espécie: o Museu, que eu saiba, existe há muito tempo. De lá para cá porque ficou reduzido o espaço? Há "novos" coches? Novas aquisições? Haverá espaço reservado para que se mostre ao povo as BMW´s, Audi´s, Mercedes que muitos envolvidos neste "projecto" receberão de mão beijada?
Esta é a prova cabal de que premiados arquitectos também fazem muita merda. Peço desculpa pela palavra mas não achei outra que a substituisse.