terça-feira, dezembro 11, 2012

Lisboa não sejas francesa


Paris em Lisboa
Alguma razão haveria, em 1952, para que Raul Ferrão (musica) e José Galhardo (letra) escrevessem o fado-canção Lisboa não sejas francesa, para a opereta A Invasão. A cultura francesa que dominara a Europa desde a Revolução começava a ser substituída pela norte-americana. O tema da canção parecia de todo desajustado dos tempos. E a canção foi um sucesso popular na voz Amália.
Au Petit Peintre
A dupla Raul Ferrão e José Galhardo garantia o sucesso de qualquer composição. Só o slow Coimbra, no original ou vertida na versão Avril au Portugal, foi gravado por dezenas de orquestras e solistas, entre os quais Amália Rodrigues, Alberto Ribeiro, Louis Armstrong, Eartha Kitt, Xavier Cugat,  Perez Prado, Bing Crosby, Yvette Giraud, Vic Damone, Lucho Gatica, Liberace, Caetano Veloso.




Au Bonheur des Dames




 E em 1952, celebrando-se os 145 anos das Invasões Francesas, o teatro de revista entrou no programa com o espetáculo A Invasão. Terminara a II Guerra Mundial, juntamente com o Plano Marshall os Estados Unidos invadiam a Europa com pastilhas elásticas e calças de ganga. Era tempo de mudar de costumes e de amigos. O comércio da Baixa de Lisboa ressoava influência francesa por todos os lados. A palavra de ordem veio em forma de canção.



Librairie A. Ferrin


Mas ficaram alguns letreiros sobre as portas de lojas da Baixa: queira-se ou não, a França ainda é sinónimo de chique.   
Só falta saber, se Ferrão e Galhardo ainda estivessem entre nós, que canção iriam compor agora para chamar Lisboa a ser mais portuguesa.


Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Tem toda a razão. Já emendei o erro. O pior é que já está reproduzido em outras publicações de outros autores. João Francisco

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