sexta-feira, dezembro 28, 2012

Quando as Avenidas eram novas



Av. Duque d'Ávila pedonal
No Guia de Portugal, Volume I, publicado pela Biblioteca Nacional de Lisboa em 1924, esclarece-se a designação de Avenidas Novas: “uma série de avenidas e ruas largas e arejadas que se recortam entre as antigas estradas do Arco do Cego e de S. Sebastião da Pedreira, e a Norte do Vale do Pereiro, Andaluz e Largo do Matadouro. De abertura recente e possuindo alguns prédios de arquitectura pretensiosa, dificilmente, porém, as suas edificações se impõem pelas qualidades artísticas.”

O Guia é porventura demasiado severo ou talvez preconceituoso em relação à arquitetura da época, na qual se consagraram nomes como os de Miguel Ventura Terra, Ernesto Korrodi, Pardal Monteiro, Cassiano Branco.

Casa Malhoa: Prémio Valmor 1905
Certo é que as Avenidas Novas - nomeadamente no âmbito da designação que futuramente vai abranger as freguesias de Nossa Senhora de Fátima, S. Sebastião da Pedreira e ainda uma parcela de Campolide - têm um notável património construído, entre o qual se distinguem o Prédio de Gaveto entre a Avenida da República, nº 23, e a Avenida João Crisóstomo; a Antiga Mansão dos Viscondes de Valmor; o edifício da pastelaria Versailles; a Casa de Malhoa ou Casa, como é conhecido o edifício do Museu Dr. Anastácio Gonçalves; o Palácio Guedes Quinhones, no início da Rua de São Sebastião da Pedreira na esquina com a Rua Tomás Ribeiro; o Palácio Galveias; a Praça do Campo Pequeno; para o outro lado das Avenidas o Bairro Azul, a Casa Ventura Terra ou Palácio Mendonça.
Av. Júlio Dinis com Campo Pequeno ao fundo

Prémios Valmor, nas Avenidas Novas, são dezasseis, entre os quais, a Casa de Malhoa, Casa Viscondes de Valmor, Palacete Mendonça ou Casa Ventura Terra, Vila Sousa (no Saldanha), o nº 23 da Avenida da República, o nº 28 da Fontes Pereira de Melo, o nº 58-60 da Tomás Ribeiro, a Igreja de Nª Sª de Fátima, a sede, jardins e museu da Fundação Calouste Gulbenkian.
 

Rua Elias Garcia
 
O que poderá ter acontecido às Avenidas Novas, para rever a sentença condenatória do Guia de 1924, foi que o efeito da patine do tempo nas ruas e nos edifícios. Ou então os gostos foram requalificados. A fachada do edifício que ruiu na Elias Garcia (na foto) apresenta traços de um época que o tempo aprendeu a apreciar.

Texto de João Francisco. Fotos de Francisco João. Direitos reservados.

 

 

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