quinta-feira, maio 16, 2013

Entre Copos, entre tempos

Adega do Arco do Cego


No final do século XIX, quando o Campo Pequeno era uma zona industrial - Real Fábrica de Lanifícios Francisco Metrass, fábrica de cerveja, fábrica de tijolo que abastecia a construção da Praça de Touros -, a Adega do Arco do Cego chegava a aviar
três mil operários por dia.
O Entre Copos: no passado, o burro ficava à espera,
enquanto as lavandeiras molhavam a garganta,
à entrada de Lisboa.
Era assim: nas
horas de mudanças de turno, os operários levavam as marmitas para aquecer e retribuíam o serviço bebendo e pagando o vinho da Adega. Hoje, a Estrada de Entrecampos chama-se Rua e a Adega do Arco do Cego chama-se Restaurante Entre Copos.
Pelo meio, a Adega do Arco do Cego chamou-se Parreirinha, quando o senhor Joaquim, proprietário do estabelecimento nos anos 50 do século XX, plantou a parreira que cobria a galeria iluminada pela luz do dia. Depois chamou-se 1º de Maio, porque era ali que os tipógrafos - no seu dia, o 1º de Maio, celebravam o feriado que a mais ninguém era reconhecido. Há dez anos, quando Mário Reis tomou conta do estabelecimento mudou o nome para Entre Copos: Primeiros de Maio havia outros, em especial o da Rua da Atalaia. Mário Reis era conhecido como editor - Cosmos - e livreiro - Faculdade de Letras, Arco Iris. 

Carlos, o assador
Mas no início do século XXI mudou de vida.

O Entre Copos é um restaurante de cozinha portuguesa, com uma lista vasta e variada, e de grelhados, peixe e carne. Declaração de interesses: o autor deste texto não troca por nada, em matéria de comeres, um peixe assado, só sal e brasas, depois azeite e legumes, pelo que é suspeito. Mas essa é a diferença do Entre Copos.
Andréa e Mário Reis
A montra dos peixes, à entrada do salão do restaurante, é um hino à frescura e à diversidade do que o mar nos dá.
Garoupa, à posta ou a cabeça grelhada, o cherne, idem, o rodovalho, a dourada, o robalo, as sardinhas - na época delas - o peixe-espada, os chocos, são tratados com mão de mestre por Carlos, o assador. Nas carnes distingue-se o borrego servido com arroz de coentros. Mas há  muito mais.
A lista de vinhos é bem fornecida, sem carregar nos preços, e o vinho da casa bebe-se muito bem. Sobremesas variadas. Serviço eficiente, dirigido pela mulher do Mário Reis, Andréa. Para além disso, no Entre Copos muitos dos clientes ou já se conheciam ou acabam por se conhecer e a confraternização estabelece-se com boa contribuição dos donos da casa.
E depois é aquela sensação de que a História passou, Entre Copos, entre aquelas paredes.
Entre Copos, Rua de Entrecampos, 11, ao Campo Pequeno.
Aberto todos os dias, exceto domingos ao jantar.


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