quinta-feira, maio 23, 2013

Belenzada


Pela Lei e Pela Grei, uma unidade da Guarda Nacional Republicana defende o Palácio de Belém, tendo como posto avançado as sentinelas perfiladas à porta de armas. Não são os Royal Horseguards, que atraem multidões às portas de Buckingham Palace, mas faz-se o se pode. As sentinelas mudam com aprumo militar e a unidade é rendida periodicamente com charanga, passo de ganso e mirones a tirar fotografias com os telefones.

A questão é que, ali onde o veem, o Palácio cor-de-rosa já passou por algumas aflições - não necessariamente no PREC - mas nos tempos de Dona Maria II, ela própria protagonista de um golpe palaciano, juntamente com o Duque da Terceira, destinado a restaurar a Carta Constitucional. Em sentido contrário, o Ministério Setembrista pretendia revogar a Carta e elaborar uma Constituição referendada pelas Cortes. A sublevação da Guarda Nacional levou a Rainha a demitir e substituir o Governo.

Foi então que entrou em cena Passos Manuel. Apoiando-se na Guarda e na tropa de Lisboa, o obreiro da Revolução de Setembro forçou nova substituição do Ministério. O regime Setembrista sobreviveu. Mas Manuel da Silva Passos acabou preso em Belém, às ordens de Dona Maria, por ter denunciado publicamente a intervenção de marinheiros ingleses que desembarcaram em Lisboa para alegadamente “proteger a Rainha”. A toda esta movimentação foi dado para a história a designação de Belenzada.
 

O Palácio, construído no século XVI, chamava-se Real. Mudou de nome com a República, passando em 1912 a ser residência oficial do Presidente.

E a Guarda mantém-se vigilante,
Pela Lei e Pela Grei,
contra evetuais Belenzadas.




Fotos e texto Beco das Barrelas / D.R.

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