quinta-feira, dezembro 20, 2012

São Sebastião enfrenta o martírio do trânsito


Com pouco mais de 6.000 habitantes, a freguesia de São Sebastião da Pedreira reivindica um milhão de naturais, tantos serão os nascidos na freguesia onde se localiza a Maternidade Alfredo da Costa.
E é por essa razão que a freguesia, sem contestar a fusão com Nossa Senhora de Fátima, recusa mudar o nome para Avenidas Novas. Dizem os eleitos de São Sebastião que desse modo um milhão de lisboetas ficarão “órfãos” de freguesia, ou naturais de uma freguesia fantasma que não vem no mapa de Lisboa.

São Sebastião é freguesia desde o século XV ou XVI, embora os primeiros registos paroquiais recolhidos datem de 1601. Era então um das saídas da cidade de Lisboa. Já no final do século XIX, São sebastião exibia uma inovação tecnológica: um elevador a vapor ligava o Largo de São Domingos ao de São Sebastião, passando pelo Largo do Andaluz, e dando acesso no seu terminal ao Jardim Zoológico de Palhavã.

A área da freguesia é extensa mas o centro fica no largo da Igreja, o Largo de São Sebastião da Pedreira. A Igreja Paroquial é de traça rural e sobreviveu com poucos danos estruturais ao terramoto de 1755.
No interior destacam-se os painéis de azulejos.

No Largo existem ricos edifícios dos séculos XVIII e XIX. Mas o mais característico é o bloco de “habitações operárias” do século XIX: casas de três pisos, com varandins de ferro e acessos às portas por escadas.


A visita depara-se com um obstáculo que é comum a quase toda a cidade: há sempre uma desordem de estacionamento e circulação automóvel a perturbar a paisagem. Para além do caos automóvel é ainda possível admirar o Palácio de Vilalva, uma construção do século XVII que nos nossos tempos foi durante décadas sede do Comando da Região Militar de Lisboa e onde hoje estão aquarteladas diversas repartições do Exército.

São Sebastião da Pedreira é um dos espaços físicos do romance Memorial do Convento, de José Saramago.
No tempo de D. João V, São Sebastião era uma zona rural, de quintas e palacetes. É aí que Saramago coloca o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão e a construção da sua máquina voadora, a Passarola, uma visão e um sonho partilhados com Blimunda Sete-Luas e Baltasar Sete-Sóis.  

Texto e fotos do Beco das Barrelas / Direitos reservados.

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