segunda-feira, dezembro 03, 2012

Rua Áurea, a do Ouro


A Rua chama-se Áurea, mesmo que isso entre em briga com a língua portuguesa. O Prof. Vasco Botelho do Amaral, distinto linguista, dizia que Rua Áurea era um “chamadoiro toponímico”. “Áurea é atributo: do Ouro é determinativo”, dizia o professor, pugnando que se usasse a designação popular de Rua do Ouro. Ou então que se mudasse toda a toponímia e se chamasse “rua Argêntea à da Prata, rua Fanqueiral à dos Fanqueiros, rua Bacalhoeira à dos Bacalhoeiros”. Fica assim: a Rua é Áurea nas placas toponímicas e do Ouro no falar dos lisboetas. No século XV chamavam-lhe Rua dos Ourives do Ouro.
Instalações do Banco de Portugal
na Rua do Crucifixo: aqui funcionou.
nas primeiras décadas do século XX,
o célebre Banco Angola e Metrópole. 
E de facto, na rua se estabeleceram, e em muitos casos se mantêm, ourivesarias, joalharias, relojoarias, casas de câmbio e bancos. Os que não couberam na Rua Áurea, procuraram as ruas das imediações.
Na Rua Áurea, ou do Ouro, estão as sedes do Banco Santander Totta, do Montepio Geral - antigo Monte Pio dos Empregados Públicos - e a Fundação Millennium Bcp.
Na paralela Rua Augusta nasceu a Companhia Geral do Crédito Predial Português, o Banco Industrial Português e a Casa de Câmbios de José Maria do Espírito Santo Silva.
Na esquina da Rua Áurea com a Rua do Comércio é a sede do Banco de Portugal, desde 1870. À data da sua fundação, em 1846, o Banco funcionava em instalações de Câmara de Lisboa, que arderam. Só que, nessa altura, a rua não se chamava do Comércio mas Rua Nova de El Rei.
Sede do Banco Santander Totta na Rua do Ouro


Muitos outros bancos existiram na Baixa pombalina - Banco Lisboa & Açores, Casa José Henrique Totta, Banco da Agricultura, Banco do Alentejo, Banco Raposo de Magalhães, Pinto de Magalhães - mas foram integrados e fundidos por nacionalizações ou absorvidos por aquisições e fusões.  
As sedes dos grandes bancos aproveitam bem a exuberância solene da arquitectura pombalina. Ligam bem, a ostentação e o dinheiro, e dá grande respeitabilidade à banca.
  
Texto e fotos de Beco das Barrelas / Direitos reservados.



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