Um pequeno
livro de 120 páginas, retangular, paginado ao baixo, reencontrado na biblioteca
doméstica, permite-nos ir ao encontro de “histórias
que os filmes contaram” sobre Lisboa ou em Lisboa.
O livro é o
precioso “Lisboa a 24 imagens”, de
Manuel Costa e Silva, português, diretor de fotografia de cinema, falecido em
1999 com 60 anos de idade. O livro reúne textos originais da autoria de gente
de algum modo ligada ao cinema, recolhe memórias dispersas e faz o elenco, com
súmula do argumento e da ligação à cidade, fotos e/ou cartaz, de 114 filmes nacionais
e estrangeiros selecionados pelo autor que têm Lisboa como cenário ou como
mito.
Infelizmente,
o livro acaba, tal como a vida do autor, na década de 90, a década de “A Casa dos Espíritos”, de Billy August, “Até ao Fim do Mundo”, de Wim Wenders, “O Inverno em Lisboa”, de Jose Antonio
Zorrilla, entre outros.
Na década
anterior, Lisboa inspirara ou fora cenário de filmes como “A Casa da Rússia”, de Fred Schepisi -
retomando a velha senda da cidade para encontros de espiões -, “A Cidade Branca”, do suíço Alan Tanner, ou
“The Young Toscanini”, de Franco
Zefirelli, filme nunca estreado em Portugal, em que o porto de lisboa aparece
como sendo o de Génova. Por Lisboa também passaram, nos anos 70, “Madigan”, um clássico policial que
começou no cinema e seguiu em série de TV, com Richard Widmarck, bem como o
primeiro filme inspirado no género James Bond, “Cabeça de Martelo”, de David Miller.
Os filmes
portugueses passam pelas décadas de 90 a 60 com Fernando Lopes, “O fio do horizonte”, “Nós por cá todos bem”, “Crónica dos Bons Malandros” e “Belarmino”, Eduardo Geada, “Passagem por Lisboa” e “Saudades para Dona Genciana”, Joaquim Leitão,
“Uma cidade qualquer” e “Ao fim da noite”, João César Monteiro, “Recordações da Casa Amarela”, José
Fonseca e Costa, “Kilas o mau da fita”
e “Sem sombra de Pecado”, Fernando
Matos Silva, “O Mal amado”, Paulo
Rocha, “Os verdes anos”, Ernesto de
Sousa, “Dom Roberto”. Mais para trás
figuram as comédias dos anos 40 e no início da história estão “Os crimes de Diogo Alves”, de João
Tavares (1911).
Manuel Costa e
Silva não se inclui a si próprio na seleção. Mas realizou dez filmes e foi
diretor de fotografia em 26 longas e 28 curtas e médias-metragens.
E se tivermos
que escolher um entre 114 filmes, respeitando a seleção de Manuel Costa e
Silva, a escolha vai para “La Peau Douce”,
de François Truffaut, exibido em Portugal com o título “Angústia”, a imagem que o autor escolheu para a capa do livro, com Françoise
Dorléac e Jean Desailly passeando junto ao ascensor da Bica.
O livro
encerra com uma melancólica digressão pela memória dos nossos Cinemas Paraíso:
Éden, Paris, Salão Lisboa, Jardim Cinema, Royal, Odeon, Berna, Olimpia…
Hoje a
lista teria mais algumas páginas: Império, Condes, Quarteto, etc., etc.
Entretanto, os jornais desta manhã anunciam o encerramento de 49 salas por todo o País, esmagadas pela concorrência e pelo IVA.
A Região do Açores, o distrito de Viana do Castelo, as cidades da Covilhã, São João da Madeira, Loures e Seixal ficam sem qualquer sala de cinema.
Entretanto, os jornais desta manhã anunciam o encerramento de 49 salas por todo o País, esmagadas pela concorrência e pelo IVA.
A Região do Açores, o distrito de Viana do Castelo, as cidades da Covilhã, São João da Madeira, Loures e Seixal ficam sem qualquer sala de cinema.
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A Região dos Açores continua com salas de cinema, pelo menos, nos concelhos de Praia da Vitória e Angra do Heroísmo.
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