sexta-feira, setembro 07, 2012

Um elétrico chamado História

Das Portas do Sol à Graça, o percurso do elétrico 28 é labiríntico e tem muitos séculos de história. Já não existe a igreja de São Tomé, mas ainda se passa ao fundo das escadinhas de São Tomé: é ver para crer como o elétrico passa à tangente.
O topónimo Rua das Escolas Gerais faz recuar a história para os tempos em que Dom Henrique doou o edifício dos paços do Infante aos Estudos Gerais, anteriormente criados por Dom Dinis. Quanta história no trajeto bamboleante e rangente do elétrico 28! O carro segue pela apertada calçada de São Vicente, sobe a Voz do Operário e chega à Graça.
Da Graça a Sapadores é um ver se te avias. Depois, o elétrico começa a descer pela rua Angelina Vidal, figura da República, professora, jornalista e defensora dos direitos dos operários e das mulheres. E pelas ruas Maria e Maria Andrade chega aos Anjos e respetiva Igreja, pequeno edifício neoclássico reedificado nos primeiros anos da República, com recheio em talha dourada do século XVII e mármore rosado. O edifício original fora demolido para que se abrisse a avenida Dona Amélia, depois Almirante Reis. E até ao Martim Moniz é um passeio pela avenida, eventualmente com “um pendura que não paga e não quer andar a pé”, como reza a letra do fado de Ary dos Santos para a voz de Carlos do Carmo.
A viagem terminou mas o 28, para provar que aprendeu as lições, faz a volta inversa, para os Prazeres, depois regressa ao Martim Moniz e assim sucessivamente.
Pode seguir.
Texto de João Francisco. Fotos de Francisco João (direitos reservados)

2 comentários:

  1. A vossa maneira de ver a cidade corresponde à Lisboa que eu identifico. Fico quase comovido a percorrer este belo blogue sobre esta bela cidade: Lisboa merece e vocês, com os textos e as fotos, correspondem. Esta é a cidade encantada e o 28 é uma nau catrineta ao sabor das ondas das colinas.
    Continuem. Por favor não desistam.
    PRT

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  2. não gosto destes eléctricos de porta automática. bonitos era quando tinham gradeamento e o guarda-freio alternava os manípulos de um lado para o outro do carro a cada fim de viagem.
    .
    os vermelhos, então, a fingir-se de qualquer coisa que não são... belheque!
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    bonitos estão em Santo Amaro

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