sábado, setembro 22, 2012

O "entardecer da terra"

As árvores são os derradeiros resistentes do Jardim do Campo Grande. Tudo o mais - pavimentos, equipamentos, instalações - sucumbiu numa espiral de destruição e abandono. Mas agora que a parte Norte do Jardim está finalmente entaipado para recuperação, aqui se presta homenagem às árvores do Campo Grande.
 
As nossas amigas árvores cumprem agora mais uma etapa dos respetivos ciclos de vida, com a chegada do Outono, o “entardecer da terra”, como lhe chamou Fernando Pessoa, às 15 horas e 49 minutos no hemisfério Norte. As folhas vão ficando douradas, emprestando ao Jardim a beleza rara das cores outonais, e vão cair para que despontem mais tarde rejuvenescidas. “No entardecer da terra // o sopro do longo Outono // amareleceu o chão”, escreveu Pessoa.
O Outono chega, as estações do ano mudam - “No ciclo eterno das mudáveis coisas // Novo inverno após novo outono volve”, acrescenta Ricardo Reis, outro poeta em Pessoa - e chegará um dia a recuperação do belo e grande Jardim. Que seja uma autêntica Primavera. As árvores do Campo Grande dão sombra, frescura e oxigénio a Lisboa e aos lisboetas desde o reinado de Dona Maria I. 

O Outono levou a rigor a entrada no calendário,
com ventos fortes, trovoadas e chuvadas durante a madrugada. Em Lisboa, as chuvadas causaram dezenas de inundações. Segundo os jornais, os Sapadores Bombeiros receberam mais de 60 pedidos de socorro devido a inundações.
Falaremos disso a seu tempo. Lisboa está impermeabilizada e a água da chuva não tem por onde escoar.

Fotos do blogue Beco das Barrelas / Direitos reservados

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