Mais de 70 anos depois do
seu lançamento, está nas livrarias reeditado pela Vega mais um volume - o XIV e
penúltimo - das “Peregrinações em Lisboa”, de Norberto de Araújo. O volume diz
respeito a um centro de Lisboa - Avenida e Alto da Avenida, Salitre e Praça da
Alegria, Parque Eduardo VII e Palhavã, Rego, Avenidas e Campo Grande, Entre
Campos e Arco do Cego, Saldanha e São Sebastião, Santa Marta, São José e Santo
Antão. Tenha passado o tempo que passou, a obra de Norberto de Araújo é uma
bengala indispensável para percorrer esta Lisboa acidentada, nem sempre amada, mas
sempre cidade das nossas vidas.
Pego na pequena edição de
105 páginas e, pelo desenho da capa, da Torrinha ao Cimo da Avenida, de Roque
Gameiro, não reconheço Lisboa. Mas abro aleatoriamente o livro e sai-me a
Travessa da Horta da Cera e, não fossem os grafitos, não haveria diferença de
maior entre a gravura da edição original e a foto da atualidade: é um beco com
saída que faz serventia sem vida própria entre a Rua do Salitre e a Avenida da
Liberdade, por alturas do cinema São Jorge. Como não farão diferença o viaduto de São Sebastião da Pedreira ou o
Palácio Galveias.
Travessa da Horta da Cera, na atualidade como há 70 anos: a diferença está nos grafitos |
Mas que foi feito, na
Circunvalação de Lisboa, das Portas de Campolide, de Entremuros, da Viscondessa
da Baía ou do Visconde Santarém? E o que é feito do “ainda muito rústico”
Parque Eduardo VII? E da escadarias que devia conduzir ao Palácio das Exposições?
E do Palácio das Exposições? Essa Lisboa não existe mais a não ser na memória
dos cronistas.
Mas é bom saber que existiu. Porque a identidade e a história fazem-se de memórias.
Mas é bom saber que existiu. Porque a identidade e a história fazem-se de memórias.
E de “Peregrinações”, como as de Norberto de Araújo.
Texto e fotos Beco das Barrelas
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