Na sequência
dos acontecimentos de Maio de 1968, em Paris, o poder policial-político-autárquico
substituiu o pavimento do centro da cidade: os pavés (a calçada) foram soterrados em betão. E resolveu-se assim um
grande problema.
Do Maio de 68
ficara uma imagem poética – como tantas outras daqueles tempos -, segundo a
qual debaixo dos pavés se poderia
encontrar a praia (bastava arrancar os
pavés que poderiam, entretanto, ser lançados contra a polícia). O novo revestimento
e a nova imagem passaram a ser muito mais duros e irremediáveis: para chegar à
praia não bastaria levantar os pavés
mas seria necessário, prioritariamente, remover o inamovível betão.
Parece que
chegou o tempo de Lisboa remover os seus pavés
– a calçada portuguesa que até há pouco era louvada como criação da cultura
portuguesa exportável e universal.
Até é de crer que
alguém em Lisboa esteja convencido que está a defender uma boa causa, com esta ideia
peregrina de substituir parte da calçada portuguesa, pois vai assim garantir a segurança
dos que já mal se equilibram nas pernas, quanto mais em calçada que cristalizou
no sistema triclínico.
Mas se o poder
da cidade está tão preocupado com a segurança dos munícipes que circulem na calçada,
manda reparar as ruas empedradas que apresentam dificuldades à mobilidade, dando
trabalho aos calceteiros, segurança às pessoas e beleza às ruas de Lisboa.
Está a correr uma
petição pública contra a retirada da calçada portuguesa aprovada pela
Assembleia Municipal de Lisboa. Leia, medite e se estiver de acordo assine, aqui:
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