A cidade é um chão de palavras pisadas, poema Cidade, de José Carlos Ary dos Santos |
A cidade de Lisboa contava, em Dezembro do ano passado, 852 pessoas sem-abrigo,
na sua maioria homens, portugueses, solteiros e sem fontes de rendimento,
segundo um levantamento cujos resultados são hoje apresentados pela Santa Casa
da Misericórdia.
Na contagem,
realizada a 12 de Dezembro de 2013, foram sinalizados 509 pessoas sem-abrigo na rua e
343 que dormiram em Centros de Acolhimento nessa noite.
As freguesias
de Santa Maria Maior (antigas freguesias de Mártires, Sacramento, Santa Justa, São
Nicolau, Madalena, Sé, Socorro, São Lourenço, São Cristóvão, Santiago, Castelo,
São Miguel e Santo Estevão) e do Parque
das Nações registaram a maior concentração, com 83 pessoas cada, seguidas de
Santo António (Coração
de Jesus, São José e São Mamede), com 64.
Segundo a
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, na origem da situação de exclusão estão,
na maior parte dos casos, conflitos familiares e relacionais, o desemprego e a
doença física ou mental.
A grande
maioria dos sem-abrigo inquiridos é homem (87%) e tem entre 35 e 54 anos (48%),
seguido pelo escalão 55-64 anos (20%). A pessoa mais nova contactada tem 16
anos e a mais velha 85.
Os sem-abrigo
inquiridos são maioritariamente solteiros (44,5%) e portugueses (58,4%), tendo
sido registados 14,3% sem-abrigo pertencentes a outros países da União Europeia.
Quanto à
educação, um terço concluiu o ensino secundário, técnico ou superior, 4,6% têm
qualificações superiores e 7,7% não sabe ler nem escrever.
A grande
maioria (71,8%) não tem atualmente qualquer fonte de rendimento e 68,9% recebe
apoio na alimentação. Mais de 45% têm problemas de saúde.
Dos
inquiridos, 54,2% dizem ter filhos, mas 36,2% não mantêm contacto em eles.
Contudo, 13,8% afirmam ter contacto diário ou quase diário e 66,8% tem
contactos frequentes com outros familiares.
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