Há um momento da
exposição “TAP Portugal: Imagem de Um Povo” em que o visitante se sente
necessariamente assaltado por um misto de perplexidade e indignação: é quando
um cartaz anuncia: “Nas rotas do Mundo, a presença da TAP prestigia Portugal”.
Porque a exposição acontece no preciso momento em que o Governo acabou de
vender a TAP, companhia de bandeira, construída à “imagem de um povo”, e a
exposição reconstitui essa identidade que se foi criando entre um povo, um país
e uma empresa nacional. A TAP, e a exposição, seguiu e segue o curso dessa
identificação. Em tempos, um cartaz de promoção da TAP e das suas carreiras
africanas, apresentou a História de Portugal, e em particular das descobertas
marítimas, como credencial: “Voe com os descobridores: os nossos capitães têm
500 anos de viagens de e para África”.
Vale a pena ver a
exposição, e vê-la demoradamente e em pormenor. É como visitar os mais velhos
da família, como frequentar a memória.
Tapeçaria de Maria Keil, 1968, para a delegação da TAP em Copenhaga |
Não foi há muito
tempo que tudo isto era diferente e era melhor. E é lamentável que a aviação
comercial voe para trás no respeito pelos passageiros que sustentam as
companhias.
A exposição do Museu
de Museu do Design e da Moda, em Lisboa, é um bom serviço à memória dos
portugueses, sobre cuja identidade levantou voo a Companhia Aérea Nacional,
vendida sem respeito pelo povo, pela bandeira, pela história e até mesmo pela
economia.
Exposição “TAP Portugal: Imagem de Um Povo - Identidade e Design da Companhia
Aérea Nacional (1945-2015)”, inaugurada no MUDE / Museu do Design e da Moda, em
Lisboa, onde vai ficar até 25 de Outubro.
Como o título da
exposição deixa antever, “TAP Portugal: Imagem de Um Povo - Identidade e Design
da Companhia Aérea Nacional (1945--2015)” pode ser lida de duas maneiras.
"As peças em exposição traduzem o contributo do design para a
consciencialização coletiva da TAP como símbolo nacional e para a identificação
dos portugueses com a (sua) companhia de bandeira, assim como o modo como
concorreu para a construção e disseminação da imagem de um povo e do seu país
além-fronteiras durante os últimos 70 anos", escreve a diretora do MUDE,
Bárbara Coutinho, sobre a exposição, cuja curadoria assume.
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