Número 139 da Calçada de Santana, Lisboa |
Cá nesta Babilónia
Cá
nesta Babilónia, donde mana
Matéria
a quanto mal o mundo cria;
Cá,
onde o puro Amor não tem valia,
Que
a Mãe, que manda mais, tudo profana;
Cá,
onde o mal se afina, o bem se dana,
E
pode mais que a honra a tirania;
Cá,
onde a errada e cega Monarquia
Cuida
que um nome vão a Deus engana;
Cá,
neste labirinto, onde a Nobreza,
O
Valor e o Saber pedindo vão
Às
portas da Cobiça e da Vileza;
Cá,
neste escuro caos de confusão,
Cumprindo
o curso estou da natureza.
Vê
se me esquecerei de ti, Sião!
Luís
Vaz de Camões, Sonetos
Foto Beco das Barrelas / D.R.
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