A
propósito da notícia da reformulação do emblemático edifício do DN no
coração de Lisboa num hotel ou conjunto de apartamentos de luxo e depois
de ver quase todos os símbolos da cidade comprometidos pelo arrastão
imparável do turismo, relembro as palavras do Presidente Medina antes de
ser eleito "devolver Lisboa aos lisboetas".
As necessidade turísticas de uma cidade cujo grande encanto é por enquanto ser uma verdadeira pechincha para turistas espanhóis, franceses, alemães e holandeses, sobreposeram-se às necessidades dos lisboetas, muitos deles afastados à força para as periferias da cidade onde se vive verdadeiramente mal, no meio do betão, sem transportes dignos, com escolas a precisar de remodelação. Lisboa está a tornar-se a ilha paradisíaca rodeada pelos famintos dos subúrbios e tudo isto com um executivo socialista suportado pelo bloco de esquerda. Na verdade os Lisboetas já se foram habituando ao longo dos anos da grande vaga especulativa a irem ficando sem as suas coisas e sem as suas pessoas a troco de obras monumentais de mau gosto e utilidade duvidosa. Os exemplos são mais que muitos, da feira popular ao parque mayer, passando pela requalificação do chiado que ardeu ainda não se sabe como, ao encerramento das históricas salas de cinema, teatros, cafés e clubes e sempre com o pretexto de que não há dinheiro para se manterem as coisas e com o falso argumento da rentabilidade. Ou seja, o que não é rentável não pode existir e substitui-se por algo que o seja a troco de cargos de direção, cargos de secretariado e assessoria, gente bem paga para gerir e tornar rentável o que não é nem nunca irá ser. Há uns meses quando tive oportunidade de visitar Paris percebi que para além da rentabilidade ou não rentabilidade há coisas intocáveis na cultura da cidade que não se mudam por não serem rentáveis. A cidade é um museu aberto, com uma arquitectura extraordinária e extraordinariamente preservada e onde os jovens até aos dezoito anos não pagam um cêntimo para entrar num museu. E se Paris é uma das cidades mais turísticas do mundo não se nota o desenfreio ganancioso de quem está à frente dos negócios, dos empreendedores e porquê? Porque em Paris mandam os Parisienses e não se abrem excepções para se transformarem os milhares de belíssimos prédios em dormitórios para turistas tornando a cidade insuportável. O que se vê em Lisboa e no Porto é o saque da cidade para o lobby da especulação imobiliária com o pretexto da expansão do turismo e para os altos benefícios que isso vai trazer ao país a longo prazo. São incontáveis os ex libris da cidade que já morreram às mãos deste executivo camarário, as negociatas obscuras com lojas devolutas na baixa da cidade, o êxodo e a pura expulsão para os ghettos das pessoas mais idosas, para além do estado de degradação a que chegaram algumas das zonas mais pobres da cidade depois do investimento de milhões em obras nas zonas mais ricas. O que é que vai desaparecer a seguir em Lisboa não sei, quanto ao edifício do DN onde se poderia erguer um museu da Imprensa ou jornalismo ou até uma escola, sei que ficará intacto como o efeito das antigas bombas de neutrões que matavam os pessoas mas mantinham os bens e as paredes intactas. Vendido a quem e por que preço também não interessa divulgar pois quanto menos nos habituarmos a saber e a questionar melhor. Um dia destes vendem os Jerónimos (não interessa a quem), ou o Parque de Monsanto, ou até o Tejo e a Praça do Comércio, queremos nós lá saber disso para alguma coisa. Venham os turistas, os tuck tuck, venha a especulação imobiliária, venham os restaurantes italianos, nepaleses ou mexicanos substituir a melhor gastronomia do mundo, acabem com o peixe fresco e com os legumes, dêem a cota de pesca aos espanhóis porque não vamos precisar de pesca para nada. Vendam tudo, a cp, a carris, o pouco que resta em nome da expansão do turismo, vendam tudo a empreendedores prontos a pagar ordenados mínimos para manter o spot turístico interessante e por último quando não tiverem mais nada para vender ou para transformar em hotel, hostel, aparthotel, turismo rural, vendam também os portugueses, ou os poucos que restarem neste país.
As necessidade turísticas de uma cidade cujo grande encanto é por enquanto ser uma verdadeira pechincha para turistas espanhóis, franceses, alemães e holandeses, sobreposeram-se às necessidades dos lisboetas, muitos deles afastados à força para as periferias da cidade onde se vive verdadeiramente mal, no meio do betão, sem transportes dignos, com escolas a precisar de remodelação. Lisboa está a tornar-se a ilha paradisíaca rodeada pelos famintos dos subúrbios e tudo isto com um executivo socialista suportado pelo bloco de esquerda. Na verdade os Lisboetas já se foram habituando ao longo dos anos da grande vaga especulativa a irem ficando sem as suas coisas e sem as suas pessoas a troco de obras monumentais de mau gosto e utilidade duvidosa. Os exemplos são mais que muitos, da feira popular ao parque mayer, passando pela requalificação do chiado que ardeu ainda não se sabe como, ao encerramento das históricas salas de cinema, teatros, cafés e clubes e sempre com o pretexto de que não há dinheiro para se manterem as coisas e com o falso argumento da rentabilidade. Ou seja, o que não é rentável não pode existir e substitui-se por algo que o seja a troco de cargos de direção, cargos de secretariado e assessoria, gente bem paga para gerir e tornar rentável o que não é nem nunca irá ser. Há uns meses quando tive oportunidade de visitar Paris percebi que para além da rentabilidade ou não rentabilidade há coisas intocáveis na cultura da cidade que não se mudam por não serem rentáveis. A cidade é um museu aberto, com uma arquitectura extraordinária e extraordinariamente preservada e onde os jovens até aos dezoito anos não pagam um cêntimo para entrar num museu. E se Paris é uma das cidades mais turísticas do mundo não se nota o desenfreio ganancioso de quem está à frente dos negócios, dos empreendedores e porquê? Porque em Paris mandam os Parisienses e não se abrem excepções para se transformarem os milhares de belíssimos prédios em dormitórios para turistas tornando a cidade insuportável. O que se vê em Lisboa e no Porto é o saque da cidade para o lobby da especulação imobiliária com o pretexto da expansão do turismo e para os altos benefícios que isso vai trazer ao país a longo prazo. São incontáveis os ex libris da cidade que já morreram às mãos deste executivo camarário, as negociatas obscuras com lojas devolutas na baixa da cidade, o êxodo e a pura expulsão para os ghettos das pessoas mais idosas, para além do estado de degradação a que chegaram algumas das zonas mais pobres da cidade depois do investimento de milhões em obras nas zonas mais ricas. O que é que vai desaparecer a seguir em Lisboa não sei, quanto ao edifício do DN onde se poderia erguer um museu da Imprensa ou jornalismo ou até uma escola, sei que ficará intacto como o efeito das antigas bombas de neutrões que matavam os pessoas mas mantinham os bens e as paredes intactas. Vendido a quem e por que preço também não interessa divulgar pois quanto menos nos habituarmos a saber e a questionar melhor. Um dia destes vendem os Jerónimos (não interessa a quem), ou o Parque de Monsanto, ou até o Tejo e a Praça do Comércio, queremos nós lá saber disso para alguma coisa. Venham os turistas, os tuck tuck, venha a especulação imobiliária, venham os restaurantes italianos, nepaleses ou mexicanos substituir a melhor gastronomia do mundo, acabem com o peixe fresco e com os legumes, dêem a cota de pesca aos espanhóis porque não vamos precisar de pesca para nada. Vendam tudo, a cp, a carris, o pouco que resta em nome da expansão do turismo, vendam tudo a empreendedores prontos a pagar ordenados mínimos para manter o spot turístico interessante e por último quando não tiverem mais nada para vender ou para transformar em hotel, hostel, aparthotel, turismo rural, vendam também os portugueses, ou os poucos que restarem neste país.