Eu mudei, fiquei mais velho, mas o bairro também
mudou. Já não tem a inocência daquela época. Aquele lado efervescente das
esquinas, dos cafés e dos jornais, para mim, era uma coisa diária. Era vida.
Dinis Machado,
entrevista à revista Ler, Outono de 2002
Em quase 500 anos de história, o
Bairro Alto já foi muita coisa: a quinta do cirurgião judeu Guedelha Palaçano,
a Vila Nova de Andrade, o Bairro Alto de São Roque. Mas mesmo quando albergava
palácios que lhe davam um tom aristocrático, o Bairro Alto foi sempre popular,
boémio e artístico.
Diário de Lisboa |
Desde meados de século XIX ao último
quartel do século XX, foi também o Bairro dos jornais. Desse tempo, restam no
Bairro as ruas do Século e do Diário de Notícias - o primeiro acabou, o segundo
mudou-se. E resta a redação do jornal A Bola. Nos tempos do Bairro dos jornais,
estes fechavam tarde, traziam as críticas de teatro e de cinema na manhã
seguinte à estreia. E os jornalistas e outros colaboradores saiam para jantar e
voltavam para fechar a edição.
Luso |
Frágil |
Hospital de S. Louis |
Para além disso o Bairro alberga o
Conservatório Nacional há 175 anos. Há 152 anos instalou-se no Bairro Alto o
Hospital de S. Louis dos Franceses, onde morreu Fernando Pessoa, em 1935. E no
Bairro Alto funciona, em edifício próprio, o Palácio Maçónico e o Museu da
Maçonaria - com exceção do período de tempo do fascismo em que a Maçonaria foi
ilegalizada e as instalações ocupadas pela Legião Portuguesa.
Palácio e Museu Maçónico |
Com tudo isto e mais a população
residente, o Bairro Alto vive 24 horas por dia. Diga-se que para desespero de
boa parte dos residentes que não se conforma com o barulho das luzes e tudo o
que fica pelas ruas depois de uma noitada.
E claro está
que o Bairro tem música.
Texto e fotos Becos das Barrelas /
Direitos reservados.
Sem comentários:
Enviar um comentário