segunda-feira, novembro 19, 2012

Ei-los que partem...


Já foram donos do mar
Vão para terras de França.
Manuel Alegre
 
Mais de 600 mil pessoas deixaram o País desde o início da crise, em 2008.  A Secretaria de Estado das Comunidades estima que tenham abandonado o País no ano passado 100 mil a 120 mil portugueses. E nos primeiros nove meses deste ano emigraram perto de 30 mil. A emigração em Portugal em 2011 aproximou-se da registada nos anos 60 e 70 do século passado.
Além dos destinos tradicionais como França, destacam-se agora outros países como Angola, Brasil e Inglaterra. A par da construção civil, que continua a ser um dos sectores de maior trabalho para os emigrantes, o país tem assistido a uma nova vaga de emigração entre os jovens licenciados. Mas a notícia mais dolorosa vem num relatório da Comissão Europeia e revela que há crianças portuguesas a emigrar para trabalhar na União Europeia.
O coordenador do Observatório da Emigração observou recentemente que “pela primeira vez, a necessidade de emigração chegou a grupos sociais com maior qualidade de vida, mais acesso a informação, maior influência e, por isso, passou a ser um problema público”.
Esta é a dura realidade do Portugal atual: um país bom para fugir daqui para fora. As estatísticas demográficas olham contra os governos: Portugal está mais pobre, mais velho, mais despovoado e desertificado, mais estagnado, mais desempregado, mais precário, menos fecundo.
Comentou, e bem, o ex-secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, que «alguma coisa tem de estar muito mal neste Pais» para que tantos portugueses emigrem.
Em Lisboa, na estação de Santa Apolónia, a estátua da autoria de Dorita Castel-Branco em homenagem Ao Emigrante Português, inaugurada em 1981, deixa de ser uma alusão ao passado. A emigração voltou à ordem dos dias em Portugal. Ei-los que partem
 

Virão um dia, ou não...

"Muitos emigrantes portugueses estão a “desistir do país” e a pedir a naturalização nos países de destino. Em 2010, quase cinco mil portugueses pediram nacionalidade francesa. Na Suíça, foram 2200 os portugueses a tornaram-se naturais daquele país. No mesmo ano, no Luxemburgo houve 1345 emigrantes portugueses que adquiriram dupla nacionalidade."
do jornal Público.
Texto e fotos de Beco das Barrelas / Direitos reservados.
 

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