quinta-feira, abril 11, 2013

Gonçalo Ribeiro Teles: Paisagista lisboeta consagrado no mundo


Português, lisboeta, arquiteto paisagista, 90 anos de idade, Gonçalo Ribeiro Teles recebeu o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, considerado o Nobel da Arquitetura Paisagista. O Prémio foi atribuído pela Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas. Segundo a Associação Portuguesa do setor, o Prémio Geoffrey Jellicoe reconhece e consagra “a obra e as contribuições ao longo da vida que tenham tido um impacto incomparável e duradoiro no bem-estar da sociedade e do ambiente e na promoção da profissão de Arquitetura Paisagista".

São da autoria de Ribeiro Telles, entre outros projetos, o Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental, na Estrutura Verde Principal de Lisboa. Gonçalo Ribeiro Telles também é autor dos jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto, e dos projetos do Vale de Alcântara e da Radial de Benfica, do Vale de Chelas, e do Parque Periférico, entre outros.
Também trabalhou no “Plano Verde” de Lisboa, procurando recuperar as “ilhas de verdura da cidade”, como disse em tempos, em entrevista ao autor deste texto. A questão é que a reabilitação da cidade, como da periferia, está condicionada por décadas de loteamentos e construção.  
“Não houve o cuidado que planear a estrutura ecológica e agora resta-nos recuperar”, disse, acrescentando que ainda hoje a generalidade dos governantes tem “uma consciência ecológica ultrapassada” e a grande maioria dos municípios rege-se por “ideias do século XIX”. Os logradouros, azinhagas, hortas e quintais deram lugar a habitações clandestinas, a caves, arrecadações, oficinas e espaços de estacionamento, a loteamentos de betão. Lisboa também perdeu qualidade. A altura dos prédios roubou luz à cidade, aumentando as correntes de vento e a poluição.

E não só, acrescentava o arquitecto. “Na Europa, a nova construção para habitação não excede três a quatro pisos”, pois está provado que as torres de betão são um factor directamente proporcional “ao crescimento da marginalidade, da criminalidade e do vandalismo”. Mas ultrapassar o urbanismo convencional é um combate desigual. Do outro lado, dizia o arquiteto Ribeiro Teles, estão “a rotina dos técnicos, os interesses dos investidores e o facto de as obras não serem visíveis nem inauguráveis”.

Autor dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, entre muitas outras obras de Lisboa, Gonçalo Ribeiro Teles cita com frequência, em latim, o que parece ser a sua divisa - “urbe et ager”, cidade e campo – e o seu sonho: levar a cidade ao campo, trazer o campo à cidade.
 
Na sua opinião, a par dos espaços públicos, os quintais e logradouros privados da antiga Lisboa, para além da valorização estética da cidade, teriam ainda hoje uma função insubstituível “para a circulação da água, a amenidade do clima, o combate à poluição”.  
   
Texto e Fotos Beco das Barrelas / D.R.
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